segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ALAIN DE BOTTON

"Alain de Botton recebeu a coluna em seu escritório, num bairro afastado do centro de Londres. Ao lado do prédio onde fica seu recanto de trabalho, está a casa do escritor, construída completamente fora dos padrões londrinos de arquitetura. Envidraçada, janelas vazadas, diferentemente dos prédios baixos, escuros e pesados da capital britânica. O designer? Ele próprio. Apaixonado por arte arquitetônica, viagens e literatura, o filósofo – best-seller mundial – se define como “desbravador”.

Não à toa, aceitou a proposta de ficar no aeroporto de Heathrow registrando sensações, texturas e histórias que resultaram no livro Uma Semana no Aeroporto. E foi com o mesmo entusiasmo e igual curiosidade que o escritor resolveu desbravar o tema das religiões. Em seu próximo lançamento, Religião para Ateus. Botton – ateu convicto – se debruça sobre a prática da fé, interessado nos aspectos psicológicos e filosóficos que religiões e suas histórias oferecem: “Não acredito em Deus, energia ou forças maiores. Meu interesse está nas motivações humanas que levam indivíduos a acreditarem em Deus”, afirma.

O suíço, que mora na Inglaterra desde os 8 anos, tece ácidas críticas a Richard Dawkins (evolucionista radical) e questiona o crescente sentimento antirreligioso inglês: “É muito mais fácil ser ateu. As pessoas não querem nem pensar sobre isso”.

Além de escrever livros (já tem nove no currículo), Botton, aos 41 anos, mantém uma escola, a School of Life – com planos de abrir, em 2012, filial no Brasil. Chamada por ele de “centro de conhecimento emocional”, o filósofo defende que os relacionamentos humanos são matéria a ser estudada.

O escritor estará no País em novembro, para participar do ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento. Falará, dia 21, em Porto Alegre. E na Sala São Paulo no dia seguinte.

(...)

Você já apontou, em palestras, que um dos problemas atuais das sociedades é uma base na meritocracia. Pode explicar?

Meritocracia é uma ideia muito valorizada na política. Trata-se de um conceito em que todos chegam aonde merecem. As conquistas são por mérito. Se você for inteligente, cheio de energia e uma boa pessoa, chegará ao topo, ao máximo. Mas se for preguiçoso e burro, não sairá do lugar. Essa é a ideia moderna de política. E, convenhamos, é maluca. Lógico, você deve batalhar por aquilo que deseja, mas achar que basta soltar todos em uma corrida e que o primeiro que chegar leva o prêmio é, acima de tudo, muito injusto.

Por que injusto?

Porque não mandamos em tudo. Por exemplo, a aparência física de uma pessoa é totalmente fora de seu poder. E, no entanto, muitas coisas na vida dependem da nossa aparência. O nível de inteligência, saúde, e outros aspectos também. A ideia de que, se você for bom, chegará ao topo, é muito rasa. Quando falo em meritocracia, alerto para atitudes recorrentes em grandes empresas. Onde as pessoas, em nome dessa ideia, tornam-se cruéis. O indivíduo não é responsável por tudo e também não é isento de escolhas. Existem nuances nesse processo.

(...)

Se existe algo, nos últimos anos, que podemos dizer que mudou a maneira como o ser humano se relaciona, talvez seja a internet.

Mudou de que maneira?

As máquinas modificaram nossa consciência. Principalmente no que tange ao relacionamento com a ficção. Estamos perdendo a arte da concentração. Por essas máquinas serem tão estimulantes e rápidas, ler um livro tornou-se entediante perto delas e do Facebook, por exemplo. Isso é uma preocupação.

Com o que se preocupa?

Saber ficar entediado, quieto, concentrado são qualidades que não podemos perder. Antigamente, as pessoas iam aos monastérios para ficar em silêncio, pensar. E não entendíamos. Mas faz sentido. Precisamos de períodos de quietude. Sem computadores. Me preocupa o ‘spam’ de atenção que essas máquinas causam.

(...)

O que encontrou em comum com seus sócios? Qual a ideia central da School of Life?

Olhamos o mundo essencialmente da mesma maneira. Acreditamos que deve haver uma conexão entre cultura, conhecimento e sabedoria. Para isso, construímos essa organização. É divertido e dá um trabalho imenso."

Em: O Estado de São Paulo, 31 de outubro de 2011, Caderno 2, D2.

Apesar de nunca ter lido nenhum de seus livros, gosto de sua lucidez e percebo que não estou falando sozinho nesse mundo doente e cruel. Em outro dizeres: há caras que falam minha língua...

Abraço a todos,
Marcos.

ORBITAL+LONDON

Essa eu devo ao incrível Camilo Rocha.

http://youtu.be/ZCi1CurRAVg

Mercy beaucoup (gentchi szxiqui iscrevi anssim, in other words, é otro níver... níver zelinha, rs...).

Abração a todos,
Marcos.

FIM DE SEMANAIS...

O final de semana foi quase uma maratona cultural, maisi eu gostchuuuuuuuu, rs...

Bom... se alguém quiser/desejar/anelar/estiver a fim, o longa-metragem "Capitães da Areia" (Cecília Amado, BR/2009/96min/DR) é belíssimo. Lindo filme sobre a liberdade, a fraternidade, a doação e o amor entre meninos, crianças, enfim, entre seres humanos. Quem ainda não o assistiu, "no se lo pierdan" (adoro essa discursividade em espanhol; não há como negar como sou fodidamente atravessado por essa língua).
No domingo pela manhã, tive o privilégio de ouvir/conhecer um dos maiores cineastas brasileiros: o Jorge Furtado. Boa interlocução e lucidez das boas, ou  seja, gente que fala minha língua e me entende... gente pensante!!! (Não que eu pense muito, mas ele tem uma lucidez do mundo atual/contemporâneo filho da puta). Desse encontro, vale a pena compartilhar os seguintes links divulgados pelo Jorge Furtado:

www.casacinepoa.com.br

www.aetchmovies.com.br  (agradeço a Adriana ter-me passado esse link via e-mail, porque tive de sair antes pra almoçar com meus pais, rs...)

Finalmente, a cereja do bolo foi no final da tarde. Consegui assistir à incrível/genial peça "Macumba Antropófoga" do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. Na quarta-feira, quando terei tempo "livre" escreverei um texto a respeito de minhas sensações ao experimentar/experienciar algo tão contemporâneo... Quem não a viu, ainda dá tempo no próximo dia 02 de novembro, finados... celebremos!!! CARPE DIEM! ALEGRIA!!!

http://teatroficina.uol.com.br/


Abraço oficinianouzynianouzoniano a todos,
Marcos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SAINDO DA MEDIOCRIDADE...

Hoje, tive o privilégio de conhecer/ouvir o Eduardo Coutinho... gênio dos bons...
Teceu comentários de humanidade absurda... homem incrível!!!
O que me deixou feliz foi o fato de perceber que há pessoas que falam minha língua... UEBAAAAAAA!!!
VIVA COUTINHO!!!

http://youtu.be/XxckBHKLluU

http://youtu.be/i2UbAt6lTL8

http://youtu.be/_JJR-w7VemI

http://youtu.be/oYUN4Z-iR6E

GENIAL!!! FANTÁSTICO!!! INCRÍVEL!!!
Marcos.

SÍSTOLES e DIÁSTOLES

SÍSTOLES e DIÁSTOLES

PERCA?
  PERDA?
     CAPER?   
         DAPER?
PERDER... TEMPO...!!!
TiMe GoEs By So S1OwLy...
S1OwLy
  S1OwLy
     S1OwLy...

Marcos Peter Pinheiro Eça

Somente a Vaconna pra nos retirarmos da mediocridade... rs...

http://youtu.be/cSSA9CaDfFg

http://youtu.be/10GheH3wpMk

Abraço vaconniano a todos,
Marcos.

MILLA JOVOVICH

Eita ideal de beleza do caralho... Mas eu gostcho, rs...







Abraço a todos,
Marcos.

GISELE BÜNCHEN+HOPE!!! VAMOS DIVULGAR SIM!!!

Apesar de eu não achar a Gisele Bündchen grandes coisas, detesto a porra do politicamente correto que atravessa nossa medíocre sociedade!!!
Vamos divulgar o comercial onde ela aparece fazendo a campanha da Hope!!!

http://youtu.be/siHBG3duVE0

E não poderia faltar "O primeiro Valisére a gente nunca gente" (genialidade das boas, rs...)

http://youtu.be/JlIAtOVY4qo

Abraço a todos,
Marcos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Minha queridíssima amiga Magda levou-me o seguinte texto pra sairmos da mesmisse/merdinisse, rs... Thanks a lot, Magda!!!

Descalços em Berlim

Nova moda da Alemanha é andar sem sapatos
CIBELE B.COSTA
DE BERLIM

Foi depois de praticar uma escalada descalço com um amigo nos arredores de Berlim, em 2005, que o reflexologista Johannes Kathol, 48, deu-se conta do filão. "Os pés não foram feitos para acessórios. Os sapatos os apertam e restringem seus movimentos", explica. Pronto: estava criado o movimento contra a discriminação dos desprovidos de calçados, que se batizaram como Barfuß-Initiative Berlin-Brandenburg (Iniciativa dos Pés-Descalços de Berlim-Brandenburgo).
A partir daí, John (apelido de Johannes) se juntou ao amigo Conrad Ulrich --um motorista de táxi que corria escondido sem sapatos pelas florestas há mais de 20 anos-- para criar um site dedicado ao movimento (www.gobib.de), roteiros de caminhadas para os descalços e incentivos à prática de esportes como o vôlei de praia, por exemplo.
Hoje em dia, John não está mais à frente da iniciativa, mas segue um "nudista dos pés". "O movimento foi importante para lutar contra o preconceito aos 'bare footers' (pedestres descalços, em tradução livre). Agora cada um pode falar por si mesmo", diz o terapeuta, que enfatiza a recomendação do Ministério de Saúde alemão às caminhadas sem sapatos a partir dos 10ºC de temperatura.
Quando alguém o critica pela falta de higiene, John indaga: "A sujeira do chão não é maior que a poluição do ar. Por que não repara na poeira que inala diariamente?".
Mas não pense que Berlim aceita seus filhos descalços incondicionalmente. "Em lugares públicos como bares, restaurantes e clubes noturnos, é permitida a nossa circulação. Mas em prédios do governo, museus ou hotéis mais chiques, nos tratam como marginais", desabafa.
Segundo Kathol, o asfalto e as superfícies planas do mundo civilizado não oferecem as condições ideais para os pés, muito sensíveis por conta do uso milenar de calçados. Os iniciantes têm que tomar cuidado para evitar demandas excessivas ao pé virgem. "É importante reparar nos sinais do corpo para evitar o estresse físico."
Ele recomenda o uso alternado de sandálias com bons amortecedores até os pés se acostumarem.
Os perigos causados por cacos de vidro ou xixi e cocô de animais não o preocupam. "Berlim é muito limpa. Todos os dias, a cidade recolhe o lixo do equivalente a 4.000 km de ruas, calçadas e outras áreas, o que corresponde a quase duas vezes a distância daqui até Madri. Já pisei em coisas que machucam ou dão nojo, mas só no começo. Depois, desenvolvi um certo 'sexto sentido' de onde poderia pisar", arrisca.
No final da conversa, John me mostra suas solas encardidas. "Vou trabalhar todos os dias sem sapatos. Só uso quando está abaixo de 6ºC", afirma ele, que ainda guarda seis pares de sapatos em casa.

LIBERDADE

A produtora de eventos Patjuli Groß, nascida em Chemnitz, uma cidadezinha a leste da Alemanha, mudou-se para Berlim em 2009. Para conviver bem com a cidade que a acolheu, virou adepta da moda dos descalços. "Queria sentir a cidade como ela verdadeiramente é, sem nada que nos separe. Há solos que são rígidos, sem rodeios, ásperos, quentes, mas há também os frios, delicados, suaves. A sensação é incrível; me sinto livre e pura", explica ela, que, a partir daí, não parou mais de andar descalça: ia ao mercado, ao trabalho, levava o cachorro para passear.
Hoje, Patjuli está gravidíssima de oito meses do namorado, o produtor de cinema Nils Sauttercom, um não descalço. "Meus pés ficaram muito sensíveis por causa da gravidez. Agora, de vez em quando, coloco sapatos", conta a alemã de 30 anos. Também por isso aguarda ansiosamente a chegada do bebê, para retomar a prática. "Meu corpo me diz que está sentindo falta desse contato com o solo."
O filósofo, escritor e estudioso da lógica na língua alemã Tilo Kaiser se considera "um pensador livre". Suas grandes paixões são dançar e fazer caminhadas descalço. "Não tem coisa mais incrível que andar com os pés nus no mato. E adoro dançar com os pés no chão. Por incrível que pareça, o solo de um clube noturno não é sujo, dá até para deitar nele", declara o berlinense de 45 anos.
Ele tem duas filhas, Yeshe e Yasodaja, de quatro e um ano e meio, e espera que as filhas adotem seu estilo de andar. "Quero que elas aprendam desde já a delícia da liberdade dos pés", afirma. Tilo frequenta descalço as multidões dos eventos musicais da cidade. Sua balada preferida é a Ritter Butzke, em Kreuzberg, na região central da cidade.
Já Saskia Baumgart, musicoterapeuta de 31 anos, é uma adepta "moderada" do movimento dos descalços. Ela se solta no trabalho. "Ter os pés livres aumenta minha capacidade de empatia com o próximo. E isso se reflete na relação com os pacientes, que também eliminam os sapatos no meu estúdio", conta ela. "No final das sessões, eles sempre me agradecem e dizem que é como 'sair de uma gaiola'", sorri.
A berlinense ressalta que apesar de a cidade ser celeiro de movimentos libertários, ainda existe discriminação. "Esse não é um hábito aceito por toda a população."
No final da conversa, Saskia confessa que acha um martírio sair para comprar sapatos: "Pés me interessam muito mais".

http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/966322-nova-moda-da-alemanha-e-andar-sem-sapatos.shtml acesso em 27/10/2011.

Abraço com pés descalços paulistas, rs...
Marcos. 

ASSIM FALAVA ZARATUSTRA

GENIALIDADE DAS BOAS... IMPOSSÍVEL NÃO ME ARREPIAR E LEMBRAR-ME DE "2001, UMA ODISSEIA NO ESPAÇO" DO FANTÁSTICO KUBRICK.

http://youtu.be/lyJwbwWg8uc

É bom começar o dia dessa forma.
Abraço a todos,
Marcos.

DÁ-LHE DIDA SAMPAIO...

Abaixo reproduzo algumas imagens/fotografias tiradas por Dida Sampaio.







Abraço afetuoso a todos,
Marcos.

A CAPELA SISTINA, OBRA-PRIMA DE MICHELANGELO...

Lágrimas, lágrimas, lágrimas...

A história é muitcho boa. Em uma aula que ministrava no curso extracurricular "Español en el Campus", na FFLCH/USP,  uma aluna me contou que havia ido à Itália a fim de resolver pendências familiares e, certo dia, conseguiu visitar a tão famosa Capela Sistina. Disse-me que ao adentrar na mencionada Capela olhava para o teto e as lágrimas desciam pelo seu semblante expressando toda a emoção que sentia naquele momento. Em 2001, tive o prazer de conhecer a Capela Sistina, porém, gostaria de ter sentido o sentimento que essa minha aluna teve ao entrar na referida Capela... Gostei, emocionei-me, mas as lágrimas não vieram, rs...
Todavia, ao deparar-me com o Davi, um êxtase absurdo explodiu em meu corpo...   
Dá-lhe Michelangelo...







Abraços vaticanianos/florencianos a todos,
Marcos.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

FLASHES DE (IN)LUCIDEZ...

Um país, duas revoluções


THOMAS L. FRIEDMAN

Enquanto Wall Street tenta se reerguer, o Vale do Silício torna o mundo hiperconectado e os indivíduos, superpoderosos

(...) Há duas semanas estive em Wall Street, e na semana passada estive no Vale do Silício. Que contraste! Enquanto Wall Street está aturdida com uma revolução social, o Vale do Silício está se transformando graças a uma revolução tecnológica - uma revolução que está transformando o mundo conectado em hiper conectado e os indivíduos de poderosos em superpoderosos. É o maior salto para a frente da revolução da TI desde que o computador mainframe foi substituído pelos PCs e pela internet, e mudará totalmente o modo de operar das companhias e das sociedades.

Tecnologia. A fase atual da revolução da tecnologia da informação (TI) está sendo determinada pela convergência da mídia social - Facebook, Twitter, LikedIn, Groupon, Zynga - com a proliferação de conectividade sem fios baratíssima e de smartphones habilitados para o uso da internet e "a nuvem". A "nuvem" são aquelas enormes torres de servidores cuja função é guardar e atualizar constantemente milhares de aplicativos de software, que os usuários poderão baixar (como de uma nuvem) em seus smartphones, transformados em aparelhos incrivelmente poderosos, capazes de realizar miríades de funções.

O surgimento da nuvem, explicou Alan Cohen, um vice-presidente da Nicira, uma nova companhia de networking, "significa que qualquer um pode dispor dos recursos do Google e alugá-los na hora". Isso implica que tudo será acelerado - a inovação, os ciclos dos produtos e a concorrência. (...)

Em: O Estado de São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011.

Abraço lúcido a todos,
Marcos.

CONVERSA ENTRE CACIQUES...

Eu SE diverto... dá-lhe caciquismo à brasileira... rs.

  
Em: O Estado de São Paulo, terça-feira, 25 de outubro de 2011, capa.

Abração a todos,
Marcos.

ANTONIO PETICOV...

Pra sairmos da mediocridade e mesmisse de nossas vidinhas bobinhas...

Antonio Peticov (Assis, 1946) é um pintor, desenhista, escultor e gravurista brasileiro.
É um autodidata que, aos doze anos de idade, teve a certeza de que queria trilhar o caminho das artes, e para alcançar seu objetivo, buscou informações em livros e revistas.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Peticov acesso em 25/10/2011.









Abraço a todos,
Marcos.

CURTA-METRAGEM: "I AM NOT MOVING"

Curta-metragem incrível que compara a chamada Primavera Árabe às manisfestações "Occupy Wall Street"...

http://youtu.be/zjfhOPCPJnE

Abraço a todos,
Marcos.

PRIVILÉGIO À CUSTA DE ASSÉDIO POR DÉBORA DINIZ

Lucidez em tempos de trevas...

Privilégio à custa de assédio

Vagões exclusivos para mulheres são um atestado público de sexismo e desigualdade, opina a autora

DEBORA DINIZ É ANTROPÓLOGA, PROFESSORA , DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, PESQUISADORA DA ANIS - INSTITUTO DE , BIOÉTICA, DIREITOS HUMANOS, GÊNERO - O Estado de S.Paulo

DEBORA DINIZ


Em final dos anos 90 fui morar no Japão. Estudava japonês e uma das primeiras palavras que minhas colegas me ensinaram foi chikan. Estranhei, pois jamais havia cruzado com essa palavra em meus manuais de "15 minutos diários de japonês", tampouco nos mangás que lia compulsivamente. Chikan é o personagem ao qual todas as jovens que andam de metrô nas grandes cidades são tristemente apresentadas - o voyeur, o abusador, o tarado do metrô. Poucas semanas em Tóquio ou Osaka foram suficientes para corporificá-lo: um homem de meia-idade que se vale do trem lotado ou quase vazio para lançar-se às mais variadas cenas de masturbação ou abuso sexual. Em geral ele age à noite e sozinho. O primeiro chikan que vi me emudeceu. Eram pouco mais de 10 da noite e eu voltava para casa. Não fui sua vítima, mas testemunhei uma jovem adolescente com saias pregueadas da escola fugindo ao vê-lo de calças abertas.

Passei a andar no vagão das mulheres sempre que saio à noite. Seja em Tóquio, na Cidade do México, em Nova Délhi ou no Rio. O recente caso de uma estudante de 21 anos molestada por um advogado no metrô de São Paulo denuncia o chikan paulistano. Um trem lotado e uma mulher jovem o encorajaram a agir. A moça desmaiou de pânico. Há quem diga que para contornar a persistência do abuso e a universalidade dos chikans a saída seriam os vagões só para mulheres. Enquanto espero o metrô em horários de pico já ouvi a tese de que o vagão feminino seria um privilégio indevido em uma sociedade que não discrimina homens e mulheres. Esse é um falso e superficial julgamento sobre as razões para a segregação espacial no transporte. O vagão de mulheres institucionaliza a violação de um direito fundamental da igualdade de gênero: o direito à mobilidade. O medo do abuso, da violência sexual ou da injúria sexista é uma barreira permanente para as mulheres no direito à mobilidade livre.

A existência de espaços públicos segregados denuncia dois absurdos da vida social: a discriminação e a violência. Há sobreposições entre os dois, pois são intensidades de um mesmo fenômeno de não reconhecimento da igualdade. Assim foi a história do racismo nos Estados Unidos ou na África do Sul: calçadas separadas ou linhas no piso do ônibus indicavam a organização do espaço em dois polos - o dos negros e o dos brancos. A razão para a segregação era o racismo, uma perversa ideologia que sustenta a inferiorização dos corpos pelas cores e origens. Mas é também a violência o que justifica a segregação espacial por sexo. Os vagões para as mulheres são a institucionalização do medo, o reconhecimento da persistência da violência sexista. Resolvem a desigualdade pela proteção que segrega. Para uma mulher não ser importunada ou violada por um chikan, a saída seria resignar-se à segregação. Não somos bem-vindas em todos os espaços, pois somente no vagão para as mulheres estaríamos livres dos abusadores. Há uma lógica perversa na proteção pela segregação: parte-se da certeza de que o sexismo é a regra, a violência dos homens contra as mulheres deve ser suportada e a melhor forma de proteger as mulheres é afastá-las do convívio universal no espaço público.

O direito à mobilidade livre é o que garante às mulheres o exercício de atividades prosaicas da vida cotidiana, como o trabalho, a educação, o cuidado dos filhos ou o lazer. Mobilidade é diferente de acessibilidade aos meios de transporte. Às mulheres não é negado o direito de ir e vir, como ocorre em algumas sociedades fundamentalistas, mas o direito de mover-se no espaço público livre da violência sexista. Sentir medo ao estar no espaço público é corporificar a violência sexista e reconhecer a segregação como regra de sobrevivência justa. São meninas e adolescentes a caminho da escola, mulheres trabalhadoras ou em momentos de lazer que se identificam com os vagões para as mulheres. São mulheres que voluntariamente optam pela segregação com medo da violência. O vagão para as mulheres deve ser um anúncio público do sexismo, deve nos envergonhar por denunciar a desigualdade e a violência e, o mais importante, deve nos provocar a encontrar alternativas mais eficientes para romper com a violência de gênero.

Em: O Estado de São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011, Aliás, J7. 

UM POUCO DE AUTO-AJUDA: TORRADAS QUEIMADAS...

Apesar de o texto ser de auto-ajuda, gosto de seu tom... Portanto, queimemos torradas todos os dias, rs...
Agradeço à Sueli Pessoa de Lima por ter-me enviado esse texto. Obrigadíssimo, Sueli!!!

TORRADAS QUEIMADAS!

Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, por exemplo: um café da manhã, na hora do jantar.
E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.
Naquela noite, minha mãe pôs um prato com ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte a meu pai.
Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato.
Tudo o que meu pai fez, foi pegar sua torrada, sorrir para minha mãe  e me perguntar como tinha sido meu dia na escola.
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando sua torrada com manteiga e geleia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado as torradas.
E eu nunca esquecerei o que ele disse: "Adorei a torrada queimada..."
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada.
Ele me envolveu em seus braços e me disse:
"Querido, meu querido, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada e mesmo assim ainda improvisou um lanche para nós.
Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia  de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o  melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai,  mesmo que tente todos os dias!"
O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma  das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a  suprir um as falhas do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi  a deixar uma panela de alumínio brilhando. Eu não sei fazer uma  lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem  reclamar.
A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apóia, ela e eu nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes.
Não que mais tarde, o dia que um dos dois partir, este Mundo vá desmoronar, não vai. Novamente teremos que aprender e nos adaptar para  fazer o melhor.
De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de  relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e amigos. Então filho, se esforce para ser sempre tolerante,  principalmente com quem dedica seu precioso tempo da vida a você.

"As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes  disse. Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as trata  diariamente."

Abraço a todos,
Marcos.

A ERA DO PÓS-GÊNERO+CABARET STRAVAGANZA+SATYROS

Uma das novas peças de Os Satyros é "Cabaret Stravaganza"... apesar de eu não ser dado a genialidades, endeusamentos, deslumbramentos, a meu simples e modesto ver, eles O são absurdamente (contemporâneos)...

"CABARET STRAVAGANZA

O projeto performativo "Lou-Leo", uma das cenas do espetáculo "Cabaret Stravaganza", da Cia. de Teatro Os Satyros, tem como proposta a realização de uma mastectomia no ator Leo Moreira Sá. Transexual, Leo, que nasceu Lou, busca a cirurgia para se adaptar a uma nova realidade corpórea e identidade sexual. A performance será viabilizada através de crowdfunding e só acontecerá com a colaboração do público.

Crowdfunding, também conhecido como financiamento colaborativo, consiste na captação de recursos para a viabilização de um projeto artístico, através da Internet.

As etapas do projeto poderão ser acompanhadas aqui, pelo site, passo a passo. Posteriormente, após a estreia da peça, no dia 20 de outubro, o público poderá assistir, através de uma cena, os detalhes da evolução desta jornada, que levará à transformação cirúrgica do corpo do artista Leo Moreira Sá.

http://youtu.be/OiUNaso05fE

HUMANIDADE EXPANDIDA

Escrito por Rodolfo García Vázquez

Pesquisas de grandes multinacionais de computação já indicam que as crianças de hoje sabem brincar melhor com videogames do que andar de bicicleta. Aliás, essas crianças apresentam uma dificuldade muito maior do que gerações anteriores em distinguir a diferença entre o mundo real e o virtual. A utilização dos celulares por esses jovens encontra-se, portanto, em um novo lugar do humano, que também é um outro lugar teatral: eles não são um signo teatral tradicional como um adereço; ao contrário, fazem parte da própria identidade social destes jovens, participando do cotidiano do ator-adolescente e de sua forma de se comunicar com o mundo. São próteses tecnológicas de uma humanidade cibernética. Os antropólogos ciborgues, como Amber Case, diriam que vivemos na condição ciborgue toda vez que agimos através de aparatos tecnológicos como celulares, carros e laptops. Tanto os espectadores quanto os artistas do novo teatro estarão, portanto, marcados pelo espírito ciborgue.
A relação tecnológica da nossa espécie com a natureza marca o processo civilizatório, nos levando a aprender a manipular o fogo e posteriormente a criar os foguetes. A partir dos anos de 1990 especialmente, com a democratização do acesso a muitos aparatos eletrônicos, o advento da internet, o avanço das pesquisas biotecnológicas e da robótica, passamos a um novo patamar da expansão tecnocientífica da humanidade.
O capitalismo do século XXI passou a contar com produtos digitais que geram impérios milionários. Jovens universitários até dez anos atrás, os magnatas do Google, do Facebook e do Twitter criaram o chamado quinto poder. Ao tornar democrático o acesso a novos recursos, os capitalistas digitais criam produtos para um mercado gigantesco ainda em seus primórdios.
Por outro lado, as interferências tanto em nossos próprios corpos quanto na ordem natural estão realizando transformações inéditas. O sequenciamento do genoma humano, as cirurgias plásticas e as pesquisas desenvolvidas por grandes corporações com alimentos transgênicos, visando a alimentação em massa de bilhões de seres humanos, estão nos levando a redefinir a própria relação com a natureza. E a flora e a fauna criadas por Deus em sete dias hoje só continuam a resistir vivas e intactas em áreas de preservação ambiental.
Se a construção da civilização sempre partiu do embate contra a natureza caótica e poderosa, hoje essa mesma natureza, mais do que dominada, passa a ser também construída pela própria humanidade. Assumimos o papel antes reservado ao divino.

O TEATRO EXPANDIDO

O teatro, manifestação superestrutural de tal sistema, vive uma relação intensa e contraditória com ele, ora negando suas influências, mantendo-se fiel à sua história e à preservação de ideais anteriores de humanismo, ora incorporando os elementos deste novo tempo e antecipando tendências. Os temas e os potenciais instrumentais deste universo ultratecnológico estão aí para serem discutidos, incorporados, instrumentalizados, criticados, repensados. Cabe ao teatro descobrir as formas mais adequadas de o fazer.
A força do teatro sempre esteve atrelada à expressão estética de um debate visceral sobre a condição humana. Hoje, paradoxalmente, para discutir o humano, o teatro deve ir para além do humano, para o universo tecnológico, como forma mais poderosa de expressar a condição da humanidade expandida.
Um novo campo teatral começa a nascer, disposto a dialogar com todas as questões que a sociedade contemporânea traz. Fruto da sua época, mas ao mesmo tempo crítico da sua condição, este teatro não se furta do confronto com as imensas dificuldades atuais. A este novo campo teatral, um bebê recém-nascido ainda vulnerável, mas cheio de vitalidade eletrônica, denominaremos teatro expandido.
Este novo teatro pertence ao tempo dos artistas e espectadores expandidos. Curioso sobre os avanços tecnológicos, crítico da desumanização, atento ao surgimento de tantas questões éticas, morais e sociais que o momento atual traz, ele avançará, basicamente, a partir de cinco eixos: o temático, o político, o tecnocientífico, o físico-espacial e o formal. Tais eixos se interpenetram e influenciam mutuamente, trazendo em si problematizações sobre as quais o fazer teatral vai se defrontar nas próximas décadas.

A Era do Pós-Gênero

Escrito por Cynara Menezes (Publicado na Carta Capital)

 

Até os 7 anos, o paulista Leo Moreira Sá, caçula de nove irmãos, brincava com os amigos no quintal, todos meninos, usando um short sem camiseta. No dia que ele conta ser o mais chocante de sua vida, a mãe vestiu-o com o uniforme da escola, uma sainha com blusa. Ele reclamou: “Mas isso é roupa de menina”. Ela olhou-o profundamente nos olhos e pronunciou a frase que o marcaria dali por diante: “Você É uma menina”.
Foram anos de rebeldia, bullying e inadaptação escolar até que Leo, então Lou Moreira, entrou para as Ciências Sociais da USP e descobriu na literatura algumas respostas para suas dúvidas. Ainda assim, continuava a se sentir inadaptada. Entrou para um grupo ativista de lésbicas, mas não se sentia bem aceita por ser considerada “masculina demais”. O melhor momento para ela então foi a atuação, nos anos 1980, como baterista da banda de punk-rock As Mercenárias, look andrógino, cabelo descolorido curtíssimo e ar desafiador.
Em 1995, Lou era casada com uma garota quando viu na rua a travesti Gabriella Bionda, a Gabi. “Pensei: ‘que mulher linda’”, conta. Gabi olhou para ela e falou: “Que ‘viadinho’ bonitinho”. Foi o início da relação surpreendente entre a lésbica e o travesti, que duraria nove anos e tornaria a dupla figurinha carimbada na noite paulistana. O curioso é que houve um período que Gabi “montava” Lou para que esta parecesse mais feminina, mas, nos últimos anos, ela vem se transformando em Leo. Aos 53 anos, planeja, inclusive, fazer a cirurgia de retirada dos seios e, futuramente, de mudança de sexo.
Não que tenha decidido se pretende se relacionar amorosamente com homem, mulher ou outro gênero. “No momento, não estou me relacionando com ninguém, estou pensando só na cirurgia”, diz Leo, para quem Gabi ainda é o amor de sua vida. “A Gabi é minha alma gêmea, meu espelho invertido. Estar com aquela mulher com corpo de homem quebrou certos limites da minha sexualidade. Na cama, éramos o casal mais versátil que se possa imaginar. Hoje, desfruto de um leque muito amplo de possibilidades. Nada está fechado.”
Leo, que toma hormônios, criou barba e possui uma aparência exterior masculina, rejeita assumir a identidade de homem. Não gosta do termo “transexual”, mas prefere se nomear assim, à falta de outro. “Adoraria não precisar assumir gênero algum”, admite o ator, que integra o grupo de teatro dos Sátyros, em São Paulo, cujas montagens costumam incluir transexuais e travestis no elenco. “Vivi à margem durante muitos anos. Agora, ao contrário, essa sensação de não pertencimento ao mundo me faz feliz, sinto-me um ser humano integral, completo. Vou operar para fazer um ajuste, para me sentir mais cômodo com meu próprio corpo. Mas assumir um gênero, para quê?”
Nota de Rodapé: O artista esclarece que LOU sempre foi uma persona imposta pela sociedade e que sua verdadeira identidade sempre foi LEO."

Em: http://www.cabaretstravaganza.com.br/site/  acesso em 25/10/2011.

Abraço afetivo a todos,
Marcos.

 

CRIMES DE PAIXÃO...

Ontem à noite, finalmente, consegui assistir ao filme "Crimes de Paixão" do Ken Russel. Filme interessante esteticamente e, do ponto de vista temático, aborda nossas castrações e formas de amar... Quem não o viu, vale à pena vê-lo... Detalhe: a interpretação da Kathleen Turner é simplesmente genial!!!

"Adão e Eva tinham acabado de fazer sexo. E Deus pergunta a Adão: 'Cadê a Eva?'
Então, Adão diz: 'Ela está no rio se lavando.'
Deus disse: 'Droga! Nunca conseguirei tirar o cheiro desses peixes."

http://youtu.be/3foJZxFaJWM

http://youtu.be/q6K50uqpQJw

Boa terça-feira a todos,
Marcos.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

TECNOLOGIA, CONSUMO E DOR POR CAMILO ROCHA

O Caderno LINK de "O Estado de São Paulo" sempre traz textos que me surpreendem. Leiam o que se encontra reproduzido abaixo.

TECNOLOGIA, CONSUMO E DOR
Camilo Rocha

Documentário dá cara aos conflitos na extração de metais para celulares

“Esse lugar é o inferno na Terra. Pessoas trabalhando sob a mira de homens armados por toda parte. Meninos de 14, 15, 16 anos cavando nos buracos. Crianças com até quatro anos vendendo coisas e fazendo serviços para os soldados. Não há água potável.”
O cineasta dinamarquês Frank Poulsen sempre se considerou uma pessoa forte para cenários de pobreza e sofrimento, tendo ido a África várias vezes. Mas a visão da enorme mina de cassiterita de Bisie, num ponto remoto do Congo oriental, foi “muito além de tudo que eu já tinha visto”. “O sentimento de desespero está no ar”, descreveu ao Link pelo telefone.
Em Bisie, milhares de pessoas se dedicam a procurar um dos minérios que, muitos estágios depois, se transformam em componentes dos celulares que todos usam. Foi lá que o diretor conseguiu as imagens mais impactantes de seu documentário, Blood In The Mobile (Sangue no Celular, em tradução livre).
Concluído no fim de 2010, o filme teve exibições esporádicas desde então (incluindo sessões no festival brasileiro É Tudo Verdade deste ano). Entre este mês e o fim do ano, o alcance deve aumentar, com sua inclusão em diversas mostras e festivais nos EUA e Inglaterra.
Blood In The Mobile é um ruído desagradável em um mundo dominado por máquinas e pelo consumo destas. O filme alerta que as matérias-primas que fazem este século 21 ser tão bem informado e conectado muitas vezes vêm de lugares que remetem aos tempos da escravidão. As cenas de Bisie podiam muito bem ser do Congo Belga do fim do século 19, descrito em tons sinistros pelo escritor Joseph Conrad no clássico Coração das Trevas.
O diretor viveu uma saga para chegar ao seu apocalíptico destino final, como o protagonista do livro de Conrad. “Primeiro tomei o avião de Kinshasa (capital do Congo) até a cidade de Goma. Daí fui de helicóptero até a vila de Walikale. Depois, foram mais 200 quilômetros de moto. E, finalmente, dois dias de caminhada pelas montanhas.”
País que tem o tamanho da Europa Ocidental, a República Democrática do Congo (o antigo Zaire) repousa esplendidamente sobre imensas reservas de diamantes, ouro, cobre, cobalto, cassiterita, volframita e coltan (abreviação para columbita-tantalita). Fora as pedras preciosas, o resto da lista são materiais usados no processo de fabricação de qualquer aparelho de celular (leia mais aqui).
Os recursos minerais do Congo são motivo de disputas sangrentas. No fim dos anos 90, as tensões descambaram no conflito mais sangrento do planeta desde o fim da Segunda Guerra Mundial, envolvendo o exército congolês, milícias locais, forças de Ruanda, Burundi e mais seis países.
Chamada de Segunda Guerra do Congo ou Guerra do Coltan, ela terminou oficialmente em 2003. Mas a paz nunca chegou de fato à região, que segue castigada por violência, exploração, ausência de direitos humanos básicos, fome e doenças. De 1998 a 2008, 5,4 milhões de pessoas morreram em consequência dos conflitos. Os produtos das minas locais ganharam o nome neutro de “minérios do conflito”.
Não surpreende que as condições de trabalho num cenário assim sejam as piores possíveis. “A situação nas minas é análoga à escravidão. As pessoas ganham para trabalhar, mas estão aprisionadas, amarradas em dívidas com os grupos armados”, relata.
Fabricantes. Segundo o diretor, tão difícil quanto acessar a distante mina congolesa foi conseguir a participação da Nokia no documentário. Poulsen escolheu a empresa por ser a fabricante do celular que usa. Depois de dois meses de tentativas por e-mail e telefone, tudo que obteve foi uma resposta de duas linhas dizendo que a “empresa não tinha recursos para ajudá-lo”. O cineasta resolveu, à la Michael Moore, ir pessoalmente à sede da empresa na Finlândia.
“No filme, eu vou várias vezes à sede da Nokia. Eles me disseram, finalmente, que sabem do problema e que estão fazendo tudo que podem, mas não especificam bem o quê”, conta.
Poulsen não tenta provar que os celulares da Nokia usam materiais de Bisie ou de outra mina do Congo. Dada a quantidade de etapas atravessada pelos minérios até chegar na manufatura do aparelho, o rastreamento é trabalhoso. “Sei da dificuldade de conhecer a cadeia de fornecimento desses recursos. Mas só as indústrias podem descobrir isso e elas não o fazem. Se recusam a divulgar sua lista de fornecedores.”
A questão dos “minérios de conflito” esteve na pauta do Congresso americano no final da década passada. O resultado foi a inclusão de uma cláusula referente ao Congo num pacotão legislativo conhecido como Lei Dodd-Frank. De acordo com ela, empresas passam a ser obrigadas a provar que seus materiais não vinham da região conflituosa no Congo.
Mesmo sem entrar em vigor, a lei Dodd-Frank já teve um impacto muito além do previsto. Apavoradas com possíveis consequências, empresas americanas pararam de comprar qualquer coisa do Congo. Foi um duro golpe na frágil economia local, onde os minérios representam quase 12% das exportações.

Entrevista com o diretor de ‘Blood In The Mobile’, Frank Poulsen

Por que escolheu esse tema para filmar?
A maior parte das pessoas no Ocidente desenvolvido dizem que o que acontece na África não tem nada a ver com elas. Veem filmes na África e pensam: ‘O que isso tem a ver comigo?’
Quando meu produtor me falou dos minérios de conflito, topei na hora. Vi aí uma grande chance de mostrar como estamos todos conectados. Como nosso modo de vida depende do sofrimento de outras pessoas.
Qual a contribuição que o filme traz para essa questão?
A chave para fazer o filme acontecer era acessar uma dessas minas. Mesmo há quatro anos, os fatos eram conhecidos, muitas matérias já haviam saído, mas não havia quase imagens dos locais. Então eu queria algo novo e exclusivo, até para conseguir financiamento. Por isso, sabia que tinha que filmar no Congo. Fui quatro vezes e na quinta levei um diretor de fotografia dinamarquês comigo. Também tinha um produtor local com quem trabalhei em cada viagem. Demorou muito conseguir a papelada para que fosse o mais seguro possível ir lá.
Sua vida chegou a correr risco?
Claro, esse tipo de lugar é sempre perigoso. Muitos ali participaram de diversas atrocidades. Em muitas situações, era preciso ser muito cauteloso na hora de falar ou agir. Mas eu sou bom em negociar, em conquistar a confiança das pessoas. O que realmente dava medo era entrar nas minas. Ali não havia controle e eu ficava pensando, ‘se isso desabar, bom acabou tudo’. Foi bem estressante.
É verdade que uma criança te ajudou na filmagem?
Eu só tinha uma câmera e alguns dos túneis eram pequenos demais pra mim. Também era difícil filmar a atividade do dia a dia. Toda vez que entrava num buraco, todo mundo parava de trabalhar para olhar o homem branco. Então, acabei trazendo uma câmera pequena e deixei na mão de um dos meninos.

Em: O Estado de São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2011, L1.

http://youtu.be/wQhlLuBwOtE

Excelente segunda-feira a todos,
Marcos.

UM POUCO MAIS DE CUT COPY...

TAKE ME OVER... DANCEMOS!!! CURTAMOS!!! CARPE DIEM!!!

http://youtu.be/iqQJrXgbIYA

http://youtu.be/fA8juzGzbW4

http://youtu.be/Cb1q6vcL510

http://youtu.be/XH9CRW5oItE

Bom início de semana a todos,
Marcos.

domingo, 23 de outubro de 2011

GIRLS...

EITA DUO BOM PRA CARALHO... MININIS INTELIGENTCHIS, RS...

http://youtu.be/SuoTjYYqe4c

http://youtu.be/kJVN3QoGMe0

Boa noite a todos,
Marcos.

Dominicais filosofais: Zizek...

O Zizek é um pirotécnico da sociedade atual. Vale a pena ler seus textos e refletir a respeito de sua forma de pensar.

http://youtu.be/UimDgjyCqes

http://youtu.be/L307l4S4HHo

http://youtu.be/rwPe-Kml5AI

http://youtu.be/vCJGIuoXc1Y

http://youtu.be/c2lL96-ixC0

Abraços dominicais a todos,
Marcos.

NAMORE UM BARRIGUDINHO...

Apesar de ela dizer tudo isso, um bom tanquinho é bom pra caralho, rs... (dá-lhe tempos líquidos, rs...).

NAMORE UM BARRIGUDINHO!

CARLA MOURA PSICÓLOGA, ESPECIALISTA EM SEXOLOGIA

Tenho um conselho valioso para dar aqui: se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute! Na próxima vez que encontrá-lo, tente disfarçadamente descobrir como é sua barriga. Se for musculosa, torneada, estilo `tanquinho´, fuja! ... Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. É fria, vai por mim. Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta. Estou me referindo àqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais), acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses, sim, são pra manter por perto. E eu digo por quê. Você nunca verá um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando como um idiota, em cima do balcão. Se fizer isso, é pra fazer graça pra turma e provavelmente será engraçado, mesmo. Já os `tanquinhos´ farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores - e eu tenho dó das que caem. Quando sentam em um boteco, numa tarde de calor, adivinha o que os pançudos pedem pra beber? Cerveja! Ou coca-cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco. Ou, pior ainda, um copo com gelo, pra beber a mistura patética de vodka com `clight´ que trouxe de casa. E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam com essa informação. E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar. Você nunca irá ouvir um ah, amor, `Quarteirão´ é gostoso, mas você podia provar uma `McSalad´ com água de coco. Nunca! Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar. Mais uma vez, repito: não é pra chegar ao exagero total e mamar leite condensado na lata todo dia! Mas uma gordurinha aqui e ali não matará um relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, bingo! Encontrou a sorte grande, amiga. Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz. Outra coisa fundamental: Homens barrigudinhos são confortáveis! Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois essa é a sensação de se deitar no peito de um musculoso besta. Terrível! Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar, e fica sensacional. Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo. Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar, a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso pra conquistar. É por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz. CHEGA DE VIADAGEM! O mundo inteiro sabe que quem gosta de homem bonito são os viados. Mulher quer homem inteligente, carinhoso e boa praça. Chega de ter a consciência pesada após beber aquela cervejinha, ou aquele vinho, e comer aqueles petiscos. Chegou a sua vez!! Salada, é o caralho!! Passe a diante para todos os barrigudos e simpatizantes! !

P.S.: E mandamos um recado para você "sarado gostosão": Enquanto você malha, sua namorada está tomando cerveja num motel, com um barrigudinho.

Enorme abraço a todos,
Marcos.

O EIXO DE MARCELO RUBENS PAIVA

Não sou fã do Marcelo Rubens Paiva. Mas, a crônica reproduzida abaixo é bem corretinha, rs...

O eixo de Marcelo Rubens Paiva

Suas mãos embrulhadas em luvas de borracha limpam obsessivamente todos os cantos do banheiro. Ele passa escova na privada numa velocidade que deixaria qualquer observador tonto.
Na sala, esfrega panos nos vidros. São limpos, como se tivessem acabado de sair da fábrica, e a cidade fosse a menos poluída do mundo.
Passa aspirador. Espanador nos livros. Organiza as almofadas do sofá. Lava a louça e as enxuga com flanela.
É uma faxina completa, rito diário de quem trabalha em casa, vive só e não consegue organizar os pensamentos se um grão de poeira estiver no meio do caminho.
Lava as mãos gastando dez minutos e meio sabonete. E ainda as esfrega com álcool gel antisséptico.
O interfone toca. Ele atende e manda subir. Livra-se do avental, dá uma ajeitada no cabelo e coloca um jazzinho neutro, nada experimental, nem bebop, nem fusion.
Toca a campainha. Ele abre. Ela entra aflita, como sempre.
"Parei na vaga de idoso que tem na frente do seu prédio. Não tinha vagas", ela diz.
Beijam-se burocraticamente com a porta ainda aberta. Ele tranca. Ela joga as coisas pelo caminho. Ele recolhe e as coloca num cabideiro. Ela despeja a bolsa sobre o sofá e encontra um cigarro amassado no fundo. Ele prontamente pega um isqueiro, acende e fica segurando o cinzeiro, para quando ela precisar.
"Ele deu de controlar as minhas contas. Examina cada ligação do celular e reclama se tem alguma longa demais. 'Usa o Skype.' Reclama quando chega uma multa, critica o meu jeito de dirigir, fazer baliza, meus caminhos. 'Esta rua é a mais congestionada. Vai pela faixa da direita'. Imagina quando souber que voltei a fumar?"
Ela dá três tragadas rápidas. Enfim o agarra e o empurra até o sofá. Pula em cima dele, já sentado. Apaga o cigarro. Abre a barguilha dele, levanta a saia e se encaixa. Tira anel, pulseiras e colares. Joga-os displicentemente na mesa de centro. E fala, enquanto transam no sofá mesmo.
"Não suporto mais aquela arrogância, me examina quando saio, me avalia quando cozinho, testa minha inteligência, perguntando: 'Como é mesmo o nome do presidente da ONU?' Vivo tensa, como numa aula em que o professor faz prova oral. Ai, como é bom... Todo metódico para dormir, acordar, é uma pedra que tem respostas para tudo, nunca chora em velórios, sente-se superior a todos. Ai, assim eu gozo... Sempre me aparece com novidades: 'Olha esta gravação rara de Callas. Viu o novo aplicativo que instalei? Leu o blog do fulano?' Detesto ópera, detesto telejornais, detesto a ONU, a OEA, blogs, e ele insiste: 'Viu o que o fulano escreveu? Você concorda com ele?' Ai, para, não para, ai, gostoso, gostoso, gostoso, ai..."
Ela goza. Joga a cabeça sobre o ombro dele. Respira fundo. Sussurra no ouvido dele:
"Delícia..."
"Eu estava com saudades", ele diz.
"É?"
"É."
"Eu também."
"Você também?"
"É."
"Estava nada."
"Claro que estava. Não deu pra notar?"
"É, deu."
Sorriem. Beijam-se. Ela se levanta rapidamente, ajeita a saia e vai ao banheiro. Pergunta lá de dentro:
"Quer me ver quarta? Se não der, mande uma mensagem. Anônima. Que a aula foi cancelada."
Volta ajeitando os cabelos. Recoloca anel e pulseiras. Checa o celular.
"Por que você sempre tira a aliança?", ele pergunta.
"Eu tiro, é? Não tinha reparado..."
"Você namoraria comigo?"
"Está querendo namorar agora?"
"Tenho pensado nisso."
"O que aconteceu com o solteirão mais convicto da cidade?"
"Se cansou."
"Que nada. Você só quer se aproveitar de mim."
"Quero cuidar de você."
"Você não me aguentaria."
"Não?"
"Está falando isso só pra me agradar."
"Fica mais. Vamos passar a tarde juntos."
"Você é tão doce. Me sinto bem aqui. Me sinto leve..."
Ela se senta de novo no colo dele. Abraça. Volta a se excitar. Tira anel e pulseiras, joga-os na mesa de centro. Enquanto ela fala, transam novamente:
"Mas não posso! Ele é importante pra mim, é o meu eixo. Existem aqueles momentos em que ele se ausenta, está na minha frente, mas não está, parece viajar pra Marte, e tudo em sua volta ganha um tom leitoso. Mas eu gosto dele. Vejo seu olhar me atravessar. Isso dura dias, semanas, aquela quietude dos pensamentos, e sei lá se sonha ou se tem pesadelos, o mistério do homem que vive comigo. Eu amo ele. Ai, que gostoso... Minha vocação é tratar, mas como se não se vê a doença? Quero desvendar ele. Quero parar o mundo para ele respirar um pouco. Quero ele pra mim! Ai... O que eu estava dizendo? Ele é meu! Meu homem, meu amor. Ai, tá gostoso... Ai, gostoso, gostoso, gostoso..."
E goza novamente. Aliviada. Esgotada. Beijam-se. De repente, fica aflita e se ergue.
"Multam aqui na sua rua?"
Recoloca anel, pulseiras. Vai para o banheiro. Ele continua sentado.
"Você é tão gostoso. Que música é essa?"
Ele não responde. Ela volta, pega a sua bolsa, checa novamente o celular. Dá um beijo rápido de despedida.
"Não esquece os colares", ele diz.
Ela sorri e os joga na bolsa. Abre a porta, chama o elevador e pergunta:
"Então, quarta?"
Nunca mais se viram. Não respondeu às mensagens dele, aos e-mails, não ligou. A palavra "namorar" contaminou a relação de anos. Também, pedir uma mulher casada em namoro...

Em: O Estado de São Paulo, sábado, 22/10/2011, C2+música, D14.

Abração a todos,
Marcos.

UMA DE MINHAS POETISAS PREFERIDAS...

DA-LHE MARINA LIMA... EITA MININA PORRETA DO CACETA, RS...

PESSOA...

http://youtu.be/TDrp_k8g7QY

FULLGÁSS

http://youtu.be/Ks-qyee73NM

O CHAMADO

http://youtu.be/_aWPvngxNzQ

Excelente domingo a todos, o meu está ótimo e melhorará ainda mais... rs...
Um abraço afetuoso a todos,
Marcos.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

LA ISLA BONITA...

Sezta-feira... dia de balançar os esqueletos... bom, pra mim, todos os dias são dias de balançar o esqueleto.

Como adoro a Vaconna, vamos de "La isla bonita",

http://youtu.be/tdeOtiA5qmE

http://youtu.be/ue6JuYq_PxU

http://youtu.be/yB97-ebKziM

"Hung up" não poderia faltar hoje, rs...

http://youtu.be/5z8nZV7WlJI

E pra terminar "Give it to me", rs...

http://youtu.be/9jF81zZ4t7E

Da-lhe Vaconna... somente você pra animar e soltar alguns foguinhos em nossas medíocres e banais vidinhas, rs...
Ótima sexta-feira a todos,
Marcos.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

UM POUCO DE GENIALIDADE...

Um pouco de genialidade pra alimentar nossas vãs, inuteis, medíocres e cretinas vidinhas...

Tenderly por Chet Baker

http://youtu.be/H6mfWun73vI

Walk on by por Diana Krall

http://youtu.be/7sxK8ghb9PU

My Way por Nina Simone

http://youtu.be/OzQkX-IZDbQ

Cry me a river por Ella Fitzgerald

http://youtu.be/2Gn9A-kdsRo

Abraço a todos,
Marcos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

ENGLISH LESSON...

Participo de um curso de inglês e tive de responder as duas questões que reproduzo abaixo...
É evidente que minha resposta será descartada/ignorada e tirarei NS (não satisfatório), rs..., como nota final. Eu SE divirto, rs...
 
1) O ensino ocorre em forma de parcelas, ou seja, as aulas ou unidades didáticas são divididas em partes para a promoção do aprendizado da matéria? Descreva.
 Sim, na escola predominam as separações, segregações, dicotomias e, fundamentalmente, a reprodução de modelos (clássicos) levando a uma inércia absurda, ou melhor, pra conseguirmos mudar algo nas escolas precisamos gritar, berrar, xingar... dar murros em pontas de facas e nos cortamos, sangrarmos exaustivamente... O modelo empregado nas escolas atual e, especialmente, nas escolas públicas municipais de São Paulo, privilegia uma forma de gestão neoliberal/mercadológica que não leva em conta o Humano, o Humanismo, o Humanitário... valoriza apenas números, resultados como se fôssemos máquinas/robôs que precisamos produzir e ser vigiados/controlados em tempo integral (há sinais de fábricas, de presídios tocando o tempo inteiro; fichas, relatórios, planejamentos a serem preenchidos de forma mecânica; grades e câmeras sendo colocadas nas escolas nas janelas, portas, corrredores...). Enfim... predominam as separações, segregações, dicotomias por meio da fragmentação ocorrida nas disciplinas, nos conteúdos e nas divisões das aulas diariamente. Uma possibilidade de esfumaçarmos isto seria trabalhar por áreas e não por disciplinas e com encontros longos com os alunos, encontros que poderiam durar uma manhã inteira, uma semana inteira, um mês inteiro, um bimestre inteiro, um semestre inteiro e, por que não, um ano inteiro... Mas pra isso, é preciso estudo, preparo e sustentar o que se diz e se faz. É preciso muito pensar e sair dos lugares de ruminação e regurgitação, tão comuns nas escolas (e nas universidades, rs...). Será que estamos preparados pra isso? Questão difícil de ser respondida.  
2) O ensino ocorre num processo de gradação – do mais simples ao mais difícil – para promoção do aprendizado da matéria? Descreva.
            Antes de responder à questão, pergunto-me o que é mais simples e mais difícil? Mas simples e mais difícil pra quem? Lançadas essas duas questões, afirmo que o que predomina na escola é reproduzir o que se considerou classificar como o mais fácil, ou seja, partindo de letras, sílabas, palavras, frases... do artigo definido e indefinido, substantivo, adjetivo, verbo..., ou melhor, do considerado mais fácil pro mais fácil segundo uma tradição greco-latina. E isto é reproduzido até hoje. Talvez devamos trabalhar com a noção de que a língua chega como um todo e não podemos ignorar esse fato. Devemos trabalhar a língua levando em conta sua complexidade e caoticidade. Todavia, repito: estaremos preparados pra isso? Estaremos preparados pra lidar com as incertezas, as rupturas dos pontos de vista únicos, a fluidez, o líquido? Dito de outro modo: retirar o nosso tão sagrado chãozinho de todos os dias, pode ser perigoso, angustiante e insuportável pra muitos nos tempos atuais... RS (aggAiinn)...    

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

“The Dead Child of Nyanga” de Ingrid Jonker

The Dead Child of Nyanga" Ingrid Jonker (19/09/1933 - 19/07/1965)

The child who was shot dead by soldiers in Nyanga
The child is not dead
the child raises his fists against his mother
who screams Africa screams the smell
of freedom and heather
in the locations of the heart under siege

The child raises his fists against his father
in the march of the generations
who scream Africa scream the smell
of justice and blood
in the streets of his armed pride

The child is not dead
neither at Langa nor at Nyanga
nor at Orlando nor at Sharpeville
nor at the police station in Philippi
where he lies with a bullet in his head

The child is the shadow of the soldiers
on guard with guns saracens and batons
the child is present at all meetings and legislations
the child peeps through the windows of houses and into the hearts of mothers
the child who just wanted to play in the sun at Nyanga is everywhere
the child who became a man treks through all of Africa

the child who became a giant travels through the whole world

Without a pass

"A criança morta de Nyanga" Ingrid Jonker (19/09/1933 - 19/07/1965)

A criança não está morta
A criança levanta os punhos contra sua mãe 
Que grita "Afrika!" grita o fôlego
Da liberdade e da estepe
Nos distritos do coração isolado


A criança levanta seus punhos contra seu pai
na marcha das gerações

que grita "Afrika!" grita o fôlego
de justiça e de sangue
nas ruas de seu orgulho em guerra


A criança não está morta, não em Langa nem em Nyanga
não em Orlando nem em Sharpeville
nem na delegacia de polícia em Philippi
onde ela jaz com uma bala através de seu cérebro


A criança é a sombra escura dos soldados
de guarda com sarracenos fuzis e cassetetes
a criança está presente em todas as assembleias e legislações
a criança espia através das janelas das casas e nos corações das mães
esta criança que apenas queria brincar ao sol em Nyanga está em toda parte
a criança tornou-se um homem que caminha através de toda a África

A criança cresceu [tornando-se] um gigante que viaja por todo o mundo
          Sem um salvo conduto.


Traduzido e editado de forma interlinear por Davi Paulo Domingues, curso de Letras, FFLCH – 06/10/2011
Ingrid Jonker, poeta sul africana, cuja vida foi retratada no filme "Borboletas Negras".
A tradução acima foi publicada no jornal do Cineclube "Cinema Paradiso 299".
Como ainda não pedi autorização ao Davi a à Cláudia, espero que não se ofendam de ter postado a tradução em meu blog. Eu o fiz porque acho importante que outras pessoas tenham acesso a esse belo poema em português.

Excelente segunda-feira a todos,
Marcos.

domingo, 16 de outubro de 2011

I CAN´T TAKE MY EYES OFF OF YOU...

Você, meu querido, meu amor, meu grande amor, sabe que eu não posso tirar meus olhos de você (porque, ao contrário, você pulará a cerrrrrrrrrrca, rs...).
Brincadeirinha, rs...

http://youtu.be/3fjnhHFtBbE

http://youtu.be/sPUBg9Mx-W4

 http://youtu.be/NGFToiLtXro

http://youtu.be/NBOQc3L1t1A

http://youtu.be/7a5nmO1P5lo

Incrível, genial, belo, sensível, humano... o que dizer que música e intérpretes tão GORGEOUSSSSSSSSSSSSSSS...

Enorme abraço a todos,
Marcos.

FEVER...iando, rs...

Hoje, após estar "breathless" por ter assistido, ontem, à incrível peça "Oxigênio", fui rever a exposição "Em nome dos artistas" na Bienal no Parque Ibirapuera e nesse momento sinto-me "FEVER", rs... quantas ilusões as minhas, rs... quanto romantismo o meu, rs... quanta ingenuidade a minha, rs... eu SE divirto, rs...

http://youtu.be/b4hXyALR9vI

http://youtu.be/JGb5IweiYG8

http://youtu.be/EYxoAJ3Boyc

É evidente que a Vaconna não poderia faltar em minha seleção...

http://youtu.be/QCC2GnbE7P4

http://youtu.be/1pMWg4UcYHo

http://youtu.be/SmkR3ajrx9U

Comecei a segunda-feira FEVER... iando, rs... Eita segunda-feira das boas, rs...

Abraço afetivo a todos,
Marcos.

OXIGÊNIO DE IVAN VIRIPAEV

Ontem, dia 15 de outubro, assisti à peça "Oxigênio" de Ivan Viripaev e sai extasiado do teatro... sem ar, rs...

"Em cada homem há dois que dançam: o esquerdo. O direito e um dançarino - o direito. O outro - o esquerdo. Dois dançarinos de ar. Dois pulmões. O pulmão direito e o esquerdo. Em cada homem há dois que dançam - o pulmão direito e o esquerdo. Os pulmões dançam e o homem recebe oxigênio. Se você pegar uma pá e bater no peito de um homem na altura dos pulmões, as danças param. Os pulmões não dançam mais. O oxigênio não chega." Ivan Viripaev (1974).

http://youtu.be/nKpV0uFxQ5Y
Abaixo reproduzo o texto de Maria Eugênia de Menezes publicado em "O Estado de São Paulo" em 23/09/2011, Caderno 2, D5, a respeito da peça "Oxigênio":

"Partitura de haicai

Dividido em "10 composições", Oxigênio traz números de rock que contaminam a prosa poética

MARIA EUGÊNIA DE MENEZES - O Estado de S.Paulo

A combinação é estranha. Terrorismo, pedofilia, fanatismo religioso, amor romântico e rock pesado: todas essas são questões que despontam em Oxigênio, espetáculo que a Cia. Brasileira de Teatro estreia hoje no Sesc Consolação. Não dá para negar o inusitado da combinação. O surpreendente é quanto essa miscelânea funciona no palco.


Depois de se destacar como revelação do Festival de Curitiba deste ano e cumprir uma temporada no Rio, a montagem já aporta em São Paulo com a chancela da crítica. Cercada pelo mesmo lastro de unanimidade que envolvia Vida, criação anterior do grupo do diretor Marcio Abreu. As temáticas dos dois espetáculos, aliás, são completamente diversas. Seus processos de criação também: um deles partia de uma dramaturgia própria, o outro de um texto acabado. Ambos, porém, dão notícia da maturidade que a companhia curitibana alcançou e ajudam a demarcar o novo lugar que ela passa a ocupar na cena nacional.

Oxigênio empreende um mergulho em um autor inédito no País. O siberiano Ivan Viripaev é hoje um dos nomes de maior destaque da dramaturgia russa. Já foi descoberto na Europa. Mas seguia desconhecido por aqui. Fortemente marcada pelo contexto em que foi concebida, a obra de Viripaev dá conta de uma série de particularidades da Rússia hoje. Também evoca o passado soviético, ao impregnar sua história de ecos de Crime e Castigo - a obra máxima de Dostoievski.

Curiosamente, foi nesse texto que o diretor Marcio Abreu encontrou o esteio para reafirmar vários dos princípios estéticos que já notabilizavam a companhia: a maneira peculiar com que os intérpretes se colocam em cena, a linguagem que escapa de uma prosa lógica e coerente, a recusa à representação. "Fizemos um pouco mais do que uma tradução", explica o diretor. "Essa obra está marcada por uma realidade muito específica, da nova dramaturgia russa. A grande chave dessa escrita era como tirá-la dessa sua especificidade e ampliar as suas questões."

Em seu drama, Viripaev mobiliza uma fábula aparentemente simples. Um homem do interior da Rússia apaixona-se por uma moça que conhece em Moscou. Mobilizado pelos sentimentos imprevistos, retorna a casa e mata, com golpes de pá, sua mulher. Tal enredo é apenas um pretexto para que outra coisa se dê em cena. Ainda que não seja, em absoluto, desimportante. Será justamente por meio dele que o autor se lançará a outros temas. Abrirá dezenas de janelas. Sem necessariamente deter-se sobre nenhuma delas.

Marcio Abreu considera Oxigênio uma peça de geração, dos que nasceram nos anos 1970. Não só pelos assuntos que mobiliza. Mas pela forma como o faz. Sem empunhar qualquer bandeira. Relativizando qualquer moral ou verdade. Movendo-se por paradoxos, dúvidas. "É uma maneira de se relacionar com as coisas com certa fragilidade. De ser passional e racional ao mesmo tempo", diz o encenador.

Em nenhum momento, os intérpretes Rodrigo Bolzan e Patricia Kamis representam personagens. Entre um número de rock e outro, eles apenas narram a história do arrebatado amor de Sacha. E são, constantemente, instados a reafirmar sua presença diante do público. O procedimento não é novo. Remete ao tom performático que contamina o teatro contemporâneo há algum tempo - pelo menos desde os anos 1970. Mas exibe um frescor raro na forma como transfere o centro da cena para o espectador. Constrói um espaço onde quem assiste e quem está no palco compartilham uma mesma experiência.

Dividido em "10 composições", o texto de Viripaev assemelha-se a uma partitura musical. Existem trechos inteiros que se repetem. Funcionam como refrões e contaminam a prosa com laivos de lirismo. "Essas repetições possuem um valor sonoro e de sentido que remetem a forma de um poema, de um haicai", considera Abreu. A partir de determinado momento, a história do romance entre os dois personagens termina. A peça, contudo, ainda segue por algum tempo. Permanece no encalço de algumas perguntas: o que é essencial para cada um? O que é oxigênio para você? "

Excelente domingo chuvoso a todos,
Marcos.

sábado, 15 de outubro de 2011

II JORNADA DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEIOS E PROCESSOS AUDIOVISUAIS

Ontem, dia 14 de outubro, tive o privilégio de participar novamente, dado que participei da primeira, da II Jornada Discente do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais. Gente inteligente, lúcida e descolada... Gostei do espaço de interlocução dado a todos. Isso é democracia. Há três apresentações que chamaram muito a atenção e irei nomeá-las devido a lucidez/sensibilidade dessas três pessoas:

a) Pedro de Andrade Lima Faissol tratou de "A frontalidade no Cinema de Eugène Green". Exibiu uma cena do incrível - obrigado por apresentar-me essa obra - "Le Pont des Arts" de Green.

http://youtu.be/PGBR3G58xuw

b) Laura Carvalho Hércules abordou a "Cinécriture vardaniana: cor, pintura e crítica feminista em Le bonheur (1965)". Apesar de não ser a favor de encantamentos, fiquei encantado com sua forma de articular o pensamento (no ano passado também apresentou-se dessa forma): disparos de lucidez, sobriedade, pensares...

 http://youtu.be/YaqBB3gLLVQ

c) Milena Szafir discorreu acerca de "Plataformas Videográficas Online: Possibilidades de 'filme-ensaio' via 'found footage'": apresentação impecável, pena o tempo ser tão excasso. Meus parabéns, Milena!

http://youtu.be/jzMN2c24Y1s

http://youtu.be/7DKtSQe-kMw

http://youtu.be/w-tr0pVynJs

http://youtu.be/a7AKO6PGe0g

http://youtu.be/GgQ--jPP2Z0

http://youtu.be/cJVIlBvBHck

Agradeço à Comissão Organizadora por haver-me permitido participar como ouvinte dessa Jornada Discente. Muitíssimo obrigado!
Grande abraço a todos,
Marcos.

EITA FILHO DA PUTA DE MANUEL DE FALLA...

Adoro o trecho "Dança Ritual do Fogo" da obra "El Amor Brujo" de Manuel de Falla. Incrível!

http://youtu.be/ct_yPeH9b-0

Bom sábado a todos,
Marcos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MEUS PAÍS: DESFRONTEIRIZANDO FRONTEIRAS...

Meu País: desfronteirizando fronteiras...



Círculo Vicioso

Meu país, Meu estado, Minha cidade,

Meu bairro, Minha rua, Minha casa,

Meu quarto, Meu espaço, Minha vida,

Meu continente, Meu mundo, Meu país...


Marcos Peter Pinheiro Eça


            O longa-metragem “Meu País” de André Ristum (Brasil, 2011, 90min) aborda algumas questões fulcrais para os tempos em que vivemos atualmente. Contudo, antes de discorrer acerca delas, iniciarei o texto tratando do título do filme, e dirigindo meu olhar para o pronome possessivo “meu” e o significante “país”. Ao dizermos “Meu país” expressamos um sentido de posse, de pertencimento, de origem, de raízes, de terra... De minha perspectiva, isto é significativo para o filme porque o tema fronteiras é um dos abordados no/pelo filme. Fronteiras que são rompidas nas vidas pessoais das personagens do longa-metragem, especificamente, de Marcos (Rodrigo Santoro) e Giulia (sua esposa no filme) que vem ao Brasil e “deixam” a Itália, mesmo temporariamente. Mas outras fronteiras também são rompidas nas vidas pessoais dos três irmãos[1]: Marcos (Santoro), Tiago (Cauã Reymond) e Manuela (Débora Falabella).

A meu ver, fronteiras não existem. Na realidade, elas são construções sociais, representações sociais que poderiam ser comparadas a uma imagem fascinante da matemática, isto é, a uma fita/banda de Moebius[2]. O que quero dizer com isso é que o Brasil é atravessado pela Itália como também a Itália é atravessada pelo Brasil – em seus mais diversos aspectos, não apenas linguísticos como poderíamos pensar em um momento inicial –, ou seja, apesar de as distâncias, de um oceano “separar” esses espaços, os brasileiros – especificamente os das regiões Sul e Sudeste – são um pouco italianos e os italianos um pouco brasileiros: temos nossas subjetividades afetadas de ambos os lados. Devido a esses cruzamentos e descruzamentos, a fita/banda de Moebius é uma metáfora possível a esse filme.

Além do mais, explorando a imagem dessa fita/banda, posso dizer que no longa de Ristum nós surgem e precisam ser desatados. Nós que muitas vezes não são apenas nós... dito de outro modo: nós que representam grandes problemas, mas, ao mesmo tempo, acabam produzindo sentidos de felicidade, de doação e de cuidado em relação ao outro e por que não de si mesmo. Dar sentido a nossas medíocres e míseras vidas? Seria este um dos temas do filme “Meu País”? Talvez um pouco mais do que isto! Ou apenas isto! Não me importa. O que, efetivamente, importa é o fato de tratar-se de um filme de resgates onde um irmão, Marcos, vem da Itália para resolver pendências após a morte de seu pai (Paulo José). Todavia, depara-se com um irmão, Tiago, adicto a jogos e um tanto “bon vivant”, e uma irmã, Manuela, até então desconhecida –  proveniente de um relacionamento extraconjugal de seu pai com uma mulher – portadora de uma deficiência intelectual (ela tem 24 anos, mas sua mentalidade é de uma menina de 10). Nesse jogo, nessa fita/banda de Moebius, encontram-se as personagens do filme que além de transitar por espaços geográficos claramente definidos – Brasil e Itália – transitam por espaços de vidas distintos, ou melhor, pela Mansão onde residem e por uma Clínica Psiquiátrica, pela Mansão e por Casas de Jogos, pela Mansão e pela Empresa... Entre o trânsito por esses espaços o filme tece algumas imagens interessantes como as que Manuela faz bolhinhas de sabão e, ao final do filme, brinca com as ondas do mar. Ao ver essas imagens, lembrei-me da cena do filme “Melancolia” onde soltam balões ao ar livre após o jantar de casamento de Justine (Kirsten Dunst) e Michael (Alexander Skarsgard). Dizer qual das duas cenas é mais bonita ou menos bonita não me importa. Ambas são sensíveis, comoventes e tocantes de formas distintas.  

Não posso deixar de mencionar a interpretação impecável de Débora Falabella no filme. Um trabalho de entrega, de doação no sentido mais completo. Doação que ao final é retribuída por seus dois irmãos – boa interpretação de Rodrigo Santoro e de Cauã Reymond; como também bela interpretação de Paulo José, apesar de pequena – ao levarem-na a uma praia “deserta” e o filme fechar-se de forma tão poética...  Débora Falabella faz o papel de uma “monga” – nos dizeres de seu irmão Tiago – e mesmo “monga”, é de uma beleza, delicadeza, sensibilidade inacreditáveis. Ainda sendo uma pessoa com necessidades educacionais especiais, ela canta e canta a música “Exagerado” de Cazuza. Ademais, encontra uma máquina fotográfica que seu pai usara minutos antes de morrer e onde há lembranças, memórias, resquícios de vida... Na realidade, apesar de Tiago debochar de Manuela quando ele estava jogando cartas no jardim de sua mansão, talvez ela até saiba jogar cartas e melhor do que ele. Ironia? Talvez um pouco mais do que isso porque seu irmão perde no jogo, na vida... Enquanto ela, a partir do momento em que o filme começa, ganha, primeiramente, um irmão, posteriormente, outro irmão e, finalmente, uma família... assim, como ao final Marcos e Thiago também acabam ganhando essa mesma família.

Fronteiras desfronteirizadas... Família resgatada, apesar de a morte do pai no início do filme... Doação, carinho, afeto, entrega... nos sentidos literais e metafóricos, porque os atores transitam por esses sentimentos e emoções  e o filme aborda esses e outros temas. Enfim... “Meu País”, apesar de não ser uma obra de arte audiovisual, é um filme sensível, humano e tocante que nos faz refletir sobre os relacionamentos no mundo atual e deslocar nossos olhares para o lado, para o outro e, também, para nós mesmos.
Texto escrito por Marcos Peter Pinheiro Eça em outubro de 2011.   

[1] Apesar de não ter uma relação “imediata/direta” com o filme de Ristum, não posso deixar de mencionar o clássico “Rocco e seus irmãos” (Rocco i suoi fratelli, Luchino Visconti, 1960) por ser um filme italiano  e abordar a saga de cinco irmãos.
[2] Uma fita/banda de Moebius é um espaço topológico obtido pela colagem das duas extremidades de uma fita, após efetuar meia volta numa delas. Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fita_de_M%C3%B6bius acesso em 13/10/2011.