quinta-feira, 29 de novembro de 2012

LAURENCE ANYWAYS+XAVIER DOLAN: TEXTO PARIDO...


...ACASO+ A l M A l A v A d A+(A)gêneros+incondicionais amores...


 
Há amores que nos atravessam,
que nos rasgam,
que nos dilaceram,
que são como tatoos em nossas peles… M.Ê.ç.Á.

PRÓLOGO

Inicio meu texto resgatando um momento histórico (simbolicamente) de minha vida:

Ontem, domingo, 28/10, havia comprado um ingresso para assistir ao novo longa-metragem de Xavier Dolan - Laurence Anyways (2012): brilhante e tão bom quanto Eu matei minha mãe (J´ai tué ma mère, 2009) e Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires, 2010) - às 22:00 na sala 01  da Reserva Cultural. Havia saído da reunião do grupo de cinema Cinema Paradiso por volta das 19:20, onde havia discutido o incrivelmente catastrófico Moonrise Kingdom (2012)... Cedo cheguei à Reserva, às 20:00, aproximadamente... Paulista ainda tranquila... Aos poucos, não a escadaria de Odessa - mas simbolicamente, poderia sê-lo -, a escadaria da Gazeta e a Paulista vão sendo tomadas pelo povo... Cruzo com Carol Almeida - comento que me recordo do dia em que celebramos as Diretas Já, criança eu naquela época; homem humanista idealista quixotesco nos/dos dias atuais - que desencadeia uma cadeia, uma avalanche e outros cruzamentos se produzem... Nós celebramos a vitória com Hadadd e ele a celebra conosco: movimento moebélico... Bela, linda, emocionante fala... Discurso lúcido que, aos poucos, me faz deslocar-me+movimentar-me de tempos um tanto treviáticos para tempos um pouco menos treviáticos... não sou dado a dicotomias, ou melhor, prefiro falar de movimentos pendulares e ora tendermos mais a uma borda, ora a outra...
Entro na sala 01 do cinema da Reserva 15 minutos atrasados... não pude ouvir a fala da atriz  Suzanne Clément, mas impossível ser onipotente, onipresente, onisciente... Não quero e não sê-lo-EI... sem neuras... celebrava EU um momento de movimentos+deslocamentos em/de Sampa... (o texto continuará em meu blog...). E, agora, começa a continuar...

Ao final de meu texto, desenvolverei minúsculas relações entre o momento histórico vivido por mim e o filme Laurence Anyways de Xavier Dolan.

“O QUE ME IMPORTA É A PESSOA.
EU SIGO A LÓGICA DO CORAÇÃO.”
LAURENCE ANYWAYS… 2012… xAVIER dOLAN…

Xavier Dolan desde seu longa-metragem de estreia, Eu matei minha mãe (J´ai tué ma mère, 2009), mostra-se cada vez mais brilhante em relação à linguagem que propõe… ou melhor: não tem medo de (H)errar, de se arriscar (A ARTE DEVE TER O DIREITO A SE ARRISCAR A SER RUIM, 29ª BIENAL DE SÃO PAULO: 2012... mas, sua arte não é NADA ruim... é genial, pelo menos para mim…), de propor algo que nos movimente, que nos saque da ruminação e da regurgitação tão frequentes em nossa sociedade atual…
Laurence Anyways é um filme atravessado por inúmeras questões que tentarei desenvolver ao longo de meu texto. Entretanto, de minha perspectiva, há dois pontos fulcrais abordados no filme: amores dilacerantemente incondicionais e a questão dos gêneros no/do mundo atual, ou melhor, prefiro começar a falar em/ACERCA de Agêneros: para mim, o masculino, o feminino começam a sofrer movimentos+deslocamentos... nem melhores, nem piores, apenas pequenos, apenas pequenas fissuras começam a ocorrer na HUMANIDADE... não as julgarei, nem tenho o direito a fazê-lo dado que não sou um dos DEUSES do mundo atual e nem tenho a intenção de sê-lo-EI...
O filme narra a história de Laurence Emmanuel James Alia (Melvil Poupaud) e de Fred(erique)  (Suzanne Clément). Inicialmente, parece-me haver uma espécie de brincadeira com os nomes dos protagonistas do filme porque tanto o nome Laurence quanto Fred me sugerem nomes “neutros” – categoria praticamente inexistente na/da língua portuguesa –, ou melhor, Laurence tanto poderia ser um homem quanto uma mulher, como Fred também… Primeira brincadeira de Dolan... Remeto-me, nesse momento, ao brilhante Machado de Assis que pensava exatamente na designação a ser dada a cada uma de suas personagens de seus contos e/ou romances...  
A abertura do filme é belíssima: noto uma câmera que corre perseguindo a maneira de andar de uma pessoa que, ao haver o afastamento dessa câmera e abrir dos pés para o corpo, notamos ser Laurence. A meu ver, a câmera de Dolan flutua, ou seja, ele não tem medo de se jogar, de se lançar, de (H)errar… segunda grande brincadeira (adulta e séria) que percebo em seu gesto fílmico.  Steve Gravestock afirma que Dolan tem um “hyper-florid style” (estilo hiper florido/super florido/uber florido) e concordo com ele... talvez seja esse excesso, esse “barroquismo” de Dolan o que me fascine em seus filmes... O que para mim, não é um problema, mas “O” é para outros... Quiçá eu pense, reflita, discuta a questão de rompimentos de as dicotomias por ser eu tão dicotômico: sou 8 ou 80; todavia: começo a transitar pelas bordas dos 40... rs... (somente daqui a 2 anos, rs....). Ainda segundo Gravestock, trata-se de “an epic romance” (um romance épico) e novamente concordo com ele porque o filme é, efetivamente, em todos os sentidos, um romance épico e o filme é um épico, ou melhor, um tanto longo – mas para narrar uma história com toda a complexidade proposta por Dolan sem ser raso e/ou superficial quase três horas de filme eram necessárias –, mas não me cansei nada nas duas vezes a que o assisti.
Após a cena inicial, o filme volta 10 anos e somos lançados para setembro de 1989, ou seja, o filme termina em 1999: quase virada de milênio. Passa-se um mês: somos jogados para outubro de 89. E, aos poucos vamos sabendo da vida de Laurence e de Fred: ele é um professor de jovens (talvez de Ensino Médio e/ou Universitário, não tenho essa questão muito clara...) que acabara de receber um prêmio e todos da Instituição Escolar onde ministra aulas comentam esse fato e o parabenizam. Essa instituição é representada de maneira conservadora e repressora – como geralmente são as escolas... (generalização de minha parte: tenho consciência disto, apesar das raras exceções existentes). O que quero dizer com isto é o fato de dificilmente encontramos professores que entendam os que têm alma de artistas, os que desejam romper as regras e, frequentemente, nos dizem: você não sabe escrever, isso está errado... Porém: questiono-me: se Guimarães Rosa brincou com a língua, porque eu também não posso brincar? (com isso não quero dizer que eu seja um Guimarães Rosa ou que tenha sua genialidade, apenas quero dizer que algumas regras podem ser rompidas sem problema algum, desde que haja uma intencionalidade por parte de quem o faz... liberdade ilusória, dado que esta é uma construção social...). 
Além do mais: adoro a trilha sonora que Dolan coloca em seus filmes. Identifico-me profundamente com as músicas de seus longas, porque ele não é hermético, ou melhor, transita/circula/perambula do pop ao erudito+do erudito ao pop: a meu ver, isso é brilhantismo e genialidade… não vejo como um problema... Sua colcha de retalhos é muito bem costurada, bordada, entrelaçada... Outro elemento genial é o fato de a fotografia do filme ser impecável. Há cenas que são pinturas/quadros: como uma em que há uma dança de lençóis em uma rua vazia, quiçá, revelando o quão apaixonados são Laurence e Fred um pelo outro e apontando para a complexidade e caoticidade do relacionamento de ambos...
Há várias cenas em que estão dentro do carro discutindo, brigando, se xingando, vivendo, se amando, porque relacionamentos são assim também… Em relacionamentos humanos, há rusgas que precisam ser aparadas e Dolan consegue expor suas personagens, revelar seus conflitos, suas contradições, de forma humana, sensível e poética... Isso, a meu ver, é sagacidade, apesar de ele ser um jovem diretor jovem de cinema de apenas 23 anos de idade.
Há um momento em que Laurence coloca clipes em seus dedos sugerindo que gostaria de ter unhas compridas. Associo esse simples gesto à questão de as mulheres terem as unhas compridas e pintadas, isto é, Dolan começa a dar-nos as pistas do que deseja abordar e desenvolver em seu longa-metragem. Em outros dizeres: um homem que se sente mulher, porém, tudo isso é muito complexo porque ele não é um travesti, não é um transexual, não é um crossdresser (aquele que ultrapassa o modo de se vestir)... Tempos complexos, tempos caóticos são os nos quais vivemos atualmente...
A família de Laurence: seus pais são distantes, frios… a mãe um pouco menos, mas o pai vive enfrente à TV assistindo a programas insignificantes…
Até o momento em que Laurence diz a Fred que gostaria de ser mulher, ou melhor, a questão é mais complexa do que posso tentar materializar por meio de meus dizeres porque Laurence é um homem que se sente mulher uma vez que, para ele, ele nasceu em um corpo errado, mas essa personagem não é um homossexual, ou seja, não gosta de homens… Apenas é um homem que se sente mulher e quer ser mulher, porém continua apaixonado por Fred, sua namorada, sua companheira, sua alma gêmea. Remeto-me ao incrível A dupla vida de Veronique (La double vie de Véronique, 1990,  Krzysztof Kieślowski). Contudo, como lidar com tanta complexidade? Em um primeiro momento, Fred até aceita esse “desejo” de Laurence, porém, isso, pouco a pouco, torna-se insustentável e insuportável… Mas, Fred o ama porque enuncia em um momento do filme:

“Eu preciso acordar ao lado dele.
Eu preciso dos antebraços dele.”

Esse enunciado remete-me a questão da masculinidade, da proteção, do provedor, do macho, do homem Laurence…
Por outro lado: a mãe de Laurence afirma:

“A porta está fechada”.

Hermetismo familiar, conservadorismo familiar… Mas ao mesmo tempo ele pergunta a sua mãe se ela continuará o amando e ela lhe responde da seguinte maneira:

“Você vai virar mulher ou um idiota?”

Fissuras nos hermetismos ditos: não somos isto ou aquilo; seres humanos são complexos, caóticos, incoerentes, um turbilhão de emoções ao mesmo tempo, e tudo isto é o que encontramos nos longas de Dolan...
O tempo passa. Somos alçados a novembro de 1989.             
Há jantares entediantes frequentados por Fred… referencia direta a Luis Buñuel e a seus filmes.
Entramos em 1990. Aos poucos, Laurence começa a trajar-se como uma mulher, isto é, usa saia, salto alto, brincos… mas usa os cabelos curtos e sua forma de andar, pegar os objetos, SER ainda é um tanto masculinizada… ou seja, apesar de usar roupas femininas ainda vemos o Laurence homem. Na escola/universidade, apesar de os alunos serem um tanto “descolados” ao atravessar/passar/andar pelos corredores todos o olham de forma a julgá-lo, de forma a vê-lo como um freak, como uma aberração. Tenho consciência de que não é “aconselhável” analisar um filme relacionando-o a vida de seu diretor: contudo, noto a maneira como possivelmente olhavam/olham, apontavam/apontam para Dolan ao longo de sua jovem vida jovem... ou seja, autobiografia total, dilaceral, rasgante, fundadora...
Aos poucos, o Laurence mulher vai emergindo e Fred até lhe compra uma peruca a fim de que ele, efetivamente, se feminilize. Porém, ele não gosta de usá-la porque diz que esquenta muito… rs…
Apesar de tudo, Fred aceita a experiência nova: ou seja, viver com um homem que se sente mulher e quer ser mulher. Repito que ele não se sente atraído por homens, não se vê como um homossexual… um transexual... um crossdresser… As questões abordadas em Laurence Anyways, de minha perspectiva, ainda não forem designadas, e é por essa razão que prefiro falar em Agêneros.
Há uma cena incrível em um restaurante onde a garçonete/gerente julga o casal o tempo inteiro, debochando, criticando por meio de um humor negrinho… até o momento em que Fred irrompe de ira e lhe diz verdades verdadeiras, batendo uma mão na mesa, quebrando pratos… Enfim, cena que me remete a uma de Magnólia (Magnolia, 1999, Paul Thomas Anderson) em que a personagem de Julianne Moore vai comprar uma série de remédios antidepressivos e é absurdamente julgada pelo farmacêutico de plantão que estava na farmácia. Cena dilacerante e fulcral em+de minha vida...
Laurence é agredido… Laurence agride e encontra um grupo de bichas velhas. Estereotipia de Dolan, porém interessante, dado que bichas velhas também fazem parte do mundo e, mais ainda,  do mundo homossexual por onde o filme transita+circula+perambula...
Ocorre a separação de Laurence e de Fred. Fred não suporta, não consegue lidar com essa questão do que começo a definir como Agêneros...   
Somos lançados a Trois-Rivières (cidade de Québec que significa “desambiguação”, ou melhor, tentar de ser ambíguo...) em 1995. Laurence passou por uma metamorfose e vemos uma mulher, uma escritora de livros… E descobrimos que Fred agora mora nessa cidade e está casada com um homem (que se sugere ser rico...). Passados 6 anos desde o início do filme, parece haver uma espécie de simbiose em Laurence: ele é um homemulher ou+e uma mulherhomem... não sei muito bem... percebo que paradigmas começam a ser rompidos+descritalizados... Talvez prefira falar de Aparadigmas... ainda não sei exatamente tudo o que pretendo+desejo dizer... Não chegarei a grandes conclusões...  
1996. Ilha negra. Roupas caindo do céu: belíssimo… Chuva de sapos do filme Magnólia: rompe a monotonia que vinha sendo fiada no filme. Em Dolan, a chuva, para mim, é um símbolo de poeticidade de seu longa-metragem...
Os dois se amam. Há um casal que tem uma história semelhante a de Laurence, mas ao revés. É uma mulher que se sentia homem e fez uma cirurgia para virar, de fato, um homem. E sua companheira diz o seguinte a Laurence e a Fred:

“O que me importa é a pessoa.
Eu sigo a lógica do coração”.

Belíssimo enunciado... Enunciado que poderia+deveria atravessar+cruzar+dilacerar os tempos atuais...
1999. Montreal. Entrevista de Laurence. A entrevistadora mal consegue encará-lo… Até que ele provoca a entrevistadora afirmando que ela não consegue fixar seu olhar no dele e olhar dentro de seus olhos; pouco a pouco, a entrevista se realiza… Transitamos pelos espaços da “normalidade”+“marginalidade”…: julgamentos são feitos... Questiono-me: que sociedade é essa onde vivemos? Quais são os valores do mundo atual? Por que há tantos julgamentos? Por que há tanta incompreensão e intolerância? Todas essas perguntas são apenas provocações porque não tenho e não quero ter as respostas delas.   
O outono chega. Há a cena final em que as folhas começam a cair e somos jogados para o momento em que Laurence e Fred se conheceram: parece que o filme fecha um ciclo, é como se fosse um círculo... podemos começar do fim ou podemos iniciar do começo? Olhares são trocados. Nomes são perguntados. Laurence Anyways é respondido...
Para mim: belíssima reflexão sobre dilacerantes amores em nossas vidas, como também sobre o que começo a definir como Agêneros. Simplesmente genial! Pena que o filme ficou apenas duas semanas em cartaz: eu havia conseguido vê-lo na Mostra Internacional de Cinema desse ano e em uma sessão antes que saísse de cartaz na Reserva Cultural. Ademais, esse filme aborda movimentos, deslocamentos, fissuras em nossa sociedade como o que esperamos que o novo prefeito de Sampa realize nessa cidade que está pra lá de caótica. Adoro Sampa, porém, não estou conseguindo viver aqui durante os meses de novembro e dezembro porque todos estão cada vez mais FREAK...

Termino meu texto em tom panfletário:

Viva Haddad!!!
Viva Dolan!!!
Viva a ARTE!!!
M.Ê.ç.Á. / novembro de 2012.





quinta-feira, 22 de novembro de 2012

MARK MORRISROE... GENIAL

PÓS BIENAL 2012: MARK MORRISROE...

FOTOS DE UM HUMANISMO DILACERANTE ABSURDAMENTE GENIALMENTE RASGANTE...



Mark Morrisroe, I Dream of Jeannie (Stephen), 1983-1985










Abraço afetivo a todos,

M.M.E.ç.A.




terça-feira, 20 de novembro de 2012

VIA CRUCIS: ARTISTA


VIA CRUCIS: ARTISTA...


PARINDO ESTOU...
EM ESTADO DE GRAÇA ESTOU...
MUSE ESTOU...
EXOGENESIS SYMPHONY ESTOU...
PERFORMATIZANDO-ME-EI ESTOU...
NASCENDO ESTOU...
ESFOLANDO-ME-EI ESTOU
A PELE CAI...
DILACERA-ME...
RASGA-ME...
DÓI-ME...
SOFRO-ME...
PARINDO-ME-EI ESTOU... 


MOEBÉLICO:

MOEBÉLICO ESTOU CADA VEZ MAIS...
CADA VEZ MAIS ESTOU MOEBÉLICO...
ESTOU MOEBÉLICO CADA VEZ MAIS...
VEZ MAIS CADA ESTOU MOEBÉLICO...
CADA MAIS VEZ MOEBÉLICO ESTOU...

 

R A S G A N D O - M E - E I . . .
P A R I N D O - M E - E I . . .
E S F O L A N D 0 - M E - E I . . .
S A N G R A N D O - ME - E I . . .
D I L A C E R A N D O - M E - E I . . .
P E R F O R M A N D O - M E - E I . . .
A R T I S T I C A N D O - M E - E I . . .


MOEBÉLICO ESTOU...
MOEBÉLICO ESTOU...
MOEBÉLICO ESTOU...

VIDA MOEBÉLICA...
MOEBÉLICA VIDA...

COMPLEXICADADE...
CAOTICIDADE...
NADA DE HERMETICIDADE...


R A S G A N D O - M E - E I . . .
P A R I N D O - M E - E I . . .
E S F O L A N D 0 - M E - E I . . .
S A N G R A N D O - ME - E I . . .
D I L A C E R A N D O - M E - E I . . .
P E R F O R M A N D O - M E - E I . . .
A R T I S T I C A N D O - M E - E I . . .


PERGUNTO-ME:
O QUE É ERRAR?
NÃO SERIA APENAS NÃO IR PELOS CAMINHOS ESPERADOS... GERALMENTE, PELOS OUTROS...
PORTANTO: O QUE É ERRAR? O QUE É ERRO?
SER ERRANTE SER...
SER HERRANTE SER...
HERRANTE SER...
ERRANTE SER...


R A S G A N D O - M E - E I
P A R I N D O - M E - E I
E S F O L A N D 0 - M E - E I
S A N G R A N D O - ME - E I
P E R F O R M A N D O - M E - E I . . .


21 grams by Alejandro González Iñarritú & Guillermo Arriaga

How many lives do we live?
How many times do we die?
They say we all lose 21 grams... at the exact moment of our death.
Everyone.
And how much fits into 21 grams?
How much is lost?
When do we lose 21 grams?
How much goes with them? 
How much is gained?
How much is gained?
Twenty-one grams.
The weight of a stack of five nickels.
The weight of a hummingbird.
A chocolate bar.
How much did 21 grams weigh?

Abraço nascido estou... parido estou... artista "O" sou...
MARCOS EÇA.


JAMES FRANCO...

...james franco...

Vai ser gostoso assim na puta que pariu...






Abraço gostoso (ASSIM) em todos,
Marcos Eça.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Foto: INFECTEI-ME COM UMA COISA - significante pensando ilusoriamente conscientemente -: BOM RETIRO 958 METROS+TEATRO DA VERTIGEM...

Continuarei em meu blog...

SAINDO DE PÁLACIOS DE CRISTAIS...

Bom Retiro: 958 metros do Teatro da Vertigem: vertiginoso... labiríntico... caracólico... caótico... complexo... organicidade... CAOS+ORDEM+ORDEM+CAOS... (Teoria da Complexidade+Teoria do Caos)

INFECTEI-ME COM UMA COISA - significante pensando ilusoriamente conscientemente -: BOM RETIRO: 958 METROS+TEATRO DA VERTIGEM...

Texto parindo...
Texto parido...
Texto naScido...

Ontem, 18 de novembro, tive as duas maiores experimentações teatrais de minha vã e inútil vidinha:

Experimentação nº 01


Sem detalhes: apenas comprei a entrada da ópera/peça Lulu de Bob Wilson & CIA BERLINER para o dia 18/11 porque somente houve quatro apresentações... Apesar dos pesares+dificuldades de minha parte (começo a cansar-me de determinar à exaustão: portanto: sem detalhes): fui ao espetáculo com uma amiga (não citarei seu nome por não ter autorização de expô-la em meu texto; portanto, usarei apenas um vocativo a fim de dirigir-me a ela: Md. Bécamier...), ou seja, Md. Bécamier fazia-me companhia na ópera/peça          Lulu.
Comentários a respeito de a primeira parte, dado que tive de ir embora uma vez que no guia de programação do SESC estava registrado que o espetáculo teria 1h40 minutos de duração e, ao chegar no SESC PINHEIROS, local onde ocorreria a apresentação, soube que haveria 1h30deespetáculo+30minutosdeespetáculo+1h00deespetáculo...

[FREAKNESS MINHA: devido ao jogo mercadológico da Tickets For Fun somente havia conseguido ingressos para rever Bom Retiro: 958 metros do Teatro da Vertigem nesse dia e às 20h00... em outras palavras: merda total minha proporcionada por informações incorretas e jogos neoliberais de venda de ingressos... Mas tudo bem: ontem me senti – apenas me senti – como os críticos de cinema que vão a festivais e chegam atrasados para verem os filmes, saem antes de os filmes terminarem e ainda têm de escrever a respeito de estes... QUANTA PREPOTÊNCIA E ILUSÃO as minhas...]    

Acompanhado e muito bem acompanhado de Md. Bécamier – apesar de seu aparente cansaço devido a uma viagem de 12 horas que ela havia realizado – deleitei-me com LULU.
Prólogo brilhante: onde predomina o silêncio/a ausência de sons em uma sociedade onde falam tanto e falam tão pouco de significativo... especialmente nas vitrines sociais virtuais da felicidade que se espalham mais do que erva daninha, capim... RUMINAÇÃO+REGURGITAÇÃO TOTAIS... As vitrines da felicidade me exaurem... Não sou contra a FELICIDADE; sou contra a venda da vida como uma eterna FELICIDADE... A vida, para mim, é como um caracol, é como a fita de Moebius onde há de tudo sem dicotomias: há felicidade(s), há tristeza(s), há fome(s), há riso(s), há lágrima(s), há sede(s), há beijo(s), há abraço(s), há (des)beijo(s), há (des)abraço(s)... TUDO AO MESMO TEMPO... Portanto: questiono-me: por que vender a vida como um momento de felicidade eterna? CONSUMO! GOZO! LÍQUIDO! TOTAL... DILACERAL...

Precisamos ler Morin...
Precisamos ler Bauman...
Precisamos ler Derrida...

Além de o silêncio/de a ausência de sons significativos prologamente, há uma brilhante reflexão sobre “lo feminino”+“lo masculino”+“lo arquetípico” (emprego-me e abuso dessa construção em espanhol para tentar materializar meu pensamento dado que nesse ao utilizar-me de um “LO + um substantivo” passo a transitar por um espaço mais abstrato e mais conceitual... se o Luís Henrique ler esse texto, ele me entenderá e saberá do que estou falando...) em LULU: há o filósofo, há o bufão, há a fêmea, há o macho, há os “strangers”... Enfim: LULU é uma genial reflexão sobre a vida, o mundo atual... e não posso deixar de mencionar:

interpretação impecável da CIA BERLINER;
figurino impecável da CIA BERLINER;
TRILHA SONORA GENIAL: INSTRUMENTOS+LOU REED;

Apenas posso dizer: ser arrancado da RUMINAÇÃO+REGURGITAÇÃO dos palácios de cristais é um alento a essa vida vã e medíocre na qual vivemos: VIVE L´ART...

Experimentação nº 02   

REINFECTEI-ME COM/DE UMA COISA - significante REpensando REilusoriamente REconscientemente -: BOM RETIRO: 958 METROS+TEATRO DA VERTIGEM...

Sai correndo, literalmente correndo, em direção a meu carro, estacionado a duas quadras do SESC PINHEIROS a fim de dirigir-me à Oficina Oswald de Andrade de onde sairíamos – estava com ele: não poderei expô-lo por tampouco ter sua autorização: portanto: dirigir-me-ei a ele como JUST ELE... – JUST ELE e eu... Trocamos nossas folhas impressas da Tickets For Fun por nossos ingressos e rumamos a experimentação teatral mais desestabilizadora de minha vida... nem Bob Wilson conseguiu fazer isso comigo e estava REvendo o espetáculo/a obra/a peça de teatro/A COISA – significante que talvez materialize melhor o que tento dizer... na realidade: predomina em mim uma NOSTALGIA DO REAL (Mito da Caverna+Platão) – designada como Bom Retiro: 958 metros.

Foto: INFECTEI-ME COM UMA COISA - significante pensando ilusoriamente conscientemente -: BOM RETIRO 958 METROS+TEATRO DA VERTIGEM...

Continuarei em meu blog...

B R I L H A N T E  em todos os sentidos: desde o momento em que chegamos à rua Professor Cesare Lombroso e começamos a esperar pelo começo de A COISA... Um ser amorfo, vazio, sem vida aproxima-se, senta-se em sua cadeira com seu radinho de pilha e o ESPETÁCULO iniciar-se-á... o CIRCO está armado... e muito bem armado... A rádio que acompanha o espetáculo começa a tocar, anunciar e entregadores começam a surgir para o templo do consumo abrir: CONSUMIDORES+CONSUMISTAS surgem com suas sacolas pela rua e abrem a porta do TEMPLO, DA CATEDRAL dos tempos atuais: refiro-me ao SHOPPING CENTER...:
(…)LOMBROSO SHOPPING MALL:ASSOMBROSO SHOPPING MAU.
Adentramos... pouco a pouco, começamos a tomar conta dos espaços e surge a primeira personagem/UMA MULHER: seu sonho de consumo é ter o/um vestido vermelho daquele shopping; contudo, quando chega ao TEMPLO/À CATEDRAL a loja já se encontra fe(I)chada... coitada! pobrezinha! fica sem conseguir comprar seu vestidinho vermelhinho... Chapeuzinho Vermelho: Fita Verde no Cabelo já foi escrita por Guimarães Rosa: total e absoluta perd(C)a das ilusões...

Foto: INFECTEI-ME COM UMA COISA - significante pensando ilusoriamente conscientemente -: BOM RETIRO 958 METROS+TEATRO DA VERTIGEM...

Continuarei em meu blog...

Surge, então, a faxineira negra (é evidente que somente poderia ser negra): trabalho braçal, faxinal quem o faz? Negros, pobres, nordestinos: os “excluídos” (não tenho nada contra esse tipo de serviço: apenas gostaria que tivessem uma vida um pouco mais digna; apenas isso:

poder pegarem um ônibus e terem um lugar onde se sentar após horas de trabalho;
poder não trabalharem aos domingos para ficarem com suas famílias;
poder dormirem e não terem de trabalhar em lojas abertas 24h00 por dia: especialmente porque o sono do dia não é como o sono da noite...;
poder terem/comerem arroz, feijão, carne, frango, peixe: não precisa sem em restaurantes sofisticados como o Fasano ou o Figueira Rubaya... mas em suas singelas e simples casas...
poder terem acesso à CULTURA: cinema, teatro, música, parques, diversão...
poder CARPE DIEM: apenas isso e nada mais do que isso...).

NEGRA que toca em feridas fulcrais de nossa sociedade... diz: o que acontecerá quando a merda que sai de suas bundas voltarem para ela? Ou melhor: estou tão cansado de ser tratado como uma COISA, com tanto DESRESPEITO, como um amigo STEP (essa, meu querido, é para você que acha que o mundo gira a seu redor... ilusão a sua, mas não me intrometerei mais em suas relações freak e nem palpitarei em sua vã vidinha porque já o fiz exageradamente: a vida é feita de escolhas e você já fez/já faz/já fará as suas...)...

Foto: INFECTEI-ME COM UMA COISA - significante pensando ilusoriamente conscientemente -: BOM RETIRO 958 METROS+TEATRO DA VERTIGEM...

Continuarei em meu blog...

SURGE o mendigo: é o filósofo da peça... enuncia as GRANDES verdades dos TEMPOS atuais... ele é um tanto profético, apocalíptico... A dança quase ao final da peça dedicada à ele e a pedra tão pequena e que cresce ao longo da peça remete-me ao monolito de a cena inicial de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) dirigida por Stanley Kubrick. Essa não é a única referência a Kubrick: em uma cena duas mulheres vestidas com a mesma roupa travam uma luta belíssima acompanhadas de uma das músicas de Laranja Mecânica: The Thieving Magpie (Abridged) composta por Gioacchino Rossini.

SURGE A NOIVA... noiva dilacerada... noiva desiludida... noiva perdida... A perc(D)a de AS ESPERANÇAS: não é à toa que ao final ela se suicida...

SURGE, então, o manequim com defeito: em seu braço, em seu peito, seu sonho era apenas conseguir um emprego em uma vitrine... mas por não ser MADE IN KOREA e ser DEFEITUOSA jamais será incluída: apesar de vivermos em tempos politicamente corretos onde todos devem ser incluídos: TODAVIA: a Constituição Federal do Brasil apenas se esqueceu de perceber que a REAL inclusão não é para todos e que um gesto de tentar incluir os excluídos onde há os incluídos gera um movimento de maior exclusão: AFIRMO ISSO COM PROPRIEDADE DE SABER: trabalho em um projeto da prefeitura onde há salas em que há alunos “regulares”, alunos com necessidades educacionais especiais (os NEEs), alunos idosos, alunos liberdade assistida (os provenientes de Fundações Casas etc) e o que percebemos é um gesto de INTOLERÂNCIA, impaciência de todos, isto é, a inclusão gera mais exclusão do que nunca... especialmente dos educadores que se sentem tão impotentes, tão insignificantes, tão nada nessa sociedade/nesse mundo atual... Não estou fugindo do tema da peça porque essa é uma das questões abordadas: SERMOS TRATADOS COMO NADA, COMO LIXO, COMO MANEQUINS QUE AO FICARMOS DESGASTADOS SÃO INUTILIZADOS, DESCARTADOS, JOGADOS FORA... Belíssima reflexão e que dialoga com a sensível animação Robôs (2005) dirigido por Chris Wedge.

Aos poucos a sociedade vai sendo desnudada, apunhalada, criticada de forma ELEGANTÉRRIMA... A crítica não é nada vulgar, nem banal...

As costureiras bolivianas exploradas dia e noite não poderiam ficar fora de A COISA... Também estão lá... As cenas em que homens abusam de manequins também estão lá (há uma cena interna no shopping de “abuso” de um manequim, como uma cena externa de “ato sexual” de um manequim): COISAS somos tratados como COISAS (generalização de minha parte: plena total absoluta consciência disso; apesar de ter pessoas próximas a mim que não me tratam dessa forma e nem tratam as pessoas dessa maneira: tampouco citarei seus nomes porque não tenho autorização nem o direito a expôs-las no mundo VIRTUEBA..., mas se lerem esse texto saberão de que família e de que amigos/as estou me referindo).

LIXO...
LUXO...

DESFILE: crítica à indústria da moda, à indústria cultural, à industrialização...: à vida de consumo que nos consome e nos destrói cotidianamente (é claro, os que têm um mínimo de “consciência” – ilusoriamente – sofrem um pouco menos... talvez seja meu caso, mas... ainda coloco em xeque essa questão...).

PODRIDÃO... FETITUDE... A SOCIEDADE VAI SE DESMONTANDO E A CRÍTICA ELEGANTE E SOFISTICADA (MUITO ESTUDO E REFLEXÃO DO TEATRO DA VERTIGEM) vai se tecendo como os tecidos de as costureiras, as roupas que as costureiras – fundamentalmente as bolivianas – costuram na região do Bom Retiro, Brás, Pari... O que me fascinou ao REver essa COISA (espetáculo) foi o fato de ser domingo e vários pessoas que não haviam comprado ingressos nos acompanharem pelas ruas – vários bolivianos/as –: questiono-me: como essa crítica reverberará em seus seres? em suas almas? em suas identidades? em suas subjetividades? Isso é apenas um questionamento pirotécnico de minha parte, ou melhor, não é necessário respondermos, é somente para pensarmos... (re)pensarmos... (des)pensarmos... (in)pensarmos... (trans)persarmos...

FRENTE DE SUA FUTURA SEDE: o teatro israelita: escadarias: mais crítica elegante e sofisticada a nossa sociedade.

ADENTRAMOS o teatro em ruínas: BELÍSSIMO!!!

O sonho de consumo se concretiza e a mulher se uniformiza... se torna massa... se torna COISA...

Reflexão filosófica: o mendigo...

Somos convidados a subirmos ao palco: mais crítica por meio da costureira boliviana e falando um espanhol impecável – eu o digo porque sou graduado em espanhol – é claro que com as marcas de o Outro, de o Estrangeiro, de o Estranho dado que jamais seremos um nativo e devemos assumir o lugar do near native ... Brilhante esse gesto da atriz...

SILÊNCIO: estamos no palco: Mulholland Drive – Cidade dos Sonhos (2001) de David Lynch.    

EVACUEM A ÁREA... EVACUEM A ÁREA... EVACUEM A ÁREA...

Evacuamos o prédio: caçamba com os manequins... Esse é nosso final: somos lixo...

Foto: INFECTEI-ME COM UMA COISA - significante pensando ilusoriamente conscientemente -: BOM RETIRO 958 METROS+TEATRO DA VERTIGEM...

Continuarei em meu blog...

Para alguns sim;
Para outros não;

Vive l´art...

Apenas questiono-me: E agora José, a festa acabou?

Vive l´art...
Viva el arte...
Viva a A R T E ...    

Abraço vertiginoso a todos,
Marcos Eça.